Fundo multimercado da XP revê principal posição e espera Brasil ‘medíocre’ em 2023

Para 2023, co-gestor do XP Macro Plus espera um crescimento menor para a economia brasileira, discussões fiscais constantes e juros maiores

A expectativa da XP Asset é de que o Fed deva interromper o ciclo de aperto com um juro acima de 5%
Por Felipe Saturnino e Vinícius Andrade
21 de Dezembro, 2022 | 02:20 PM

Bloomberg — Após cerca de dois anos, a XP Asset Management (XP) começou a desmontar uma posição que se beneficiou da disparada histórica dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano.

A posição tomada em juros – que ganha com a alta das taxas – nos Estados Unidos deixou de ser uma das principais apostas do XP Macro Plus, fundo multimercado macro que tem cerca de R$ 1,9 bilhão sob gestão e bateu 96% dos pares nos últimos dois anos. A operação foi montada em dezembro de 2020 e contribuiu com os ganhos de 38% do fundo após taxas no período.

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“Em nenhum momento nos últimos 23 meses nos questionamos em mudar a posição, porque a leitura era de que a inflação estava forte e o Fed continuava ‘atrás da curva’”, disse Julio Fernandes, co-gestor dos fundos multimercado macro da XP Asset, em entrevista. “Mas grande parte dos fundamentos da nossa posição foram questionados recentemente: a expectativa de desaceleração de ritmo do Federal Reserve e as leituras de inflação americana mais fracas acenderam o alerta.”

O risco-retorno da posição “tem pouco para ganhar hoje”, ainda mais porque o Fed “parece estar mais perto de acabar o serviço”, disse Fernandes.

A expectativa da XP Asset é de que o Fed deva interromper o ciclo de aperto com um juro acima de 5%, com grande probabilidade de uma taxa final de 5,5%. Os swaps americanos precificam Fed Funds de 4,85% no segundo trimestre de 2023.

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No exterior, a gestora está vendida (aposta na queda) em bolsa americana, com a avaliação de que o risco de recessão deve pesar sobre os múltiplos.

A casa mantém posições reduzidas no Brasil, vendida em bolsa e comprada (aposta na alta) em dólar contra o real, sendo que parte da venda da moeda brasileira também se dá contra o peso mexicano.

“Não achamos que o Brasil vá caminhar para insolvência”, disse Fernandes. As discussões estão numa linha “de ‘Brasil mais do mesmo’, o que a gente chama de Brasil medíocre”, segundo o gestor.

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O resultado deve ser crescimento menor, discussões fiscais constantes e juros maiores, disse. “O equilíbrio será prêmio de risco maior em todos os ativos.”

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