Bloomberg — A economia do Reino Unido ficou 5,5% menor do que estaria se não tivesse ocorrido o Brexit. A separação da União Europeia também ampliou o aperto nos serviços públicos que está por trás das greves e protestos que estão tomando o setor ferroviário e o serviços de saúde, segundo estudo do Centro de Reforma Econômica (CER), que leva em conta dados econômicos até o segundo trimestre deste ano.
O grupo de pesquisa aponta que o crescimento mais lento da economia está pesando sobre a receita do Tesouro britânico e que os aumentos de impostos anunciados na declaração fiscal de outono não seriam necessários se o Reino Unido ainda estivesse no mercado comum da União Europeia.
As conclusões mais recentes destacam o custo do Brexit limita o esforço do primeiro ministro Rishi Sunak para tirar a economia britânica de uma recessão que pode durar até as próximas eleições. Sunak se mantém firme em sua determinação de limitar os aumentos salariais para enfermeiros, motoristas de ambulância e funcionários ferroviários, que estão se afastando do trabalho em protestos pelo país.
“O Brexit inevitavelmente levou a aumentos de impostos, porque uma economia com crescimento mais lento requer impostos mais altos para financiar serviços e benefícios públicos”, disse John Springford, vice-diretor do CER, no relatório.
O relatório do Centro de Reforma Econômica mostra que a saída do mercado único da União Europeia reduziu os investimentos no Reino Unido em 11% e o comércio de mercadorias encolheu 7% no segundo trimestre de 2022. Esses fatores contribuíram para que a Grã-Bretanha ficasse atrás de quase todas as outras grandes economias desde o fim da pandemia.
Essas conclusões seguem afirmações de Michael Saunders, um ex-membro do comitê de política monetária do Banco da Inglaterra (BoE), de que sem Brexit, “provavelmente” o país não estaria falando de um orçamento austero. “A necessidade de aumentos de impostos e cortes de gastos não estariam presentes.”
Receitas abaixo do esperado
Springford, do CER, disse que se a economia britânica tivesse crescido de acordo com o modelo do estudo, a receita tributária teria sido cerca de £40 bilhões mais alta em uma base anual, diminuindo a necessidade dos aumentos de impostos de £46 bilhões anunciados pelo chanceler do Tesouro Jeremy Hunt em meados de novembro.
Em vez disso, os empréstimos do governo em novembro foram quase o triplo do nível observado há um ano e bem acima do que os economistas esperavam, de acordo com os números oficiais divulgados na quarta-feira.
O déficit fiscal nos primeiros oito meses do ano subiu para £105 bilhões, o quarto mais alto de todos os tempos. O Escritório de Responsabilidade Orçamentária espera que o total chegue a £ 175 bilhões ao final dos 12 meses.
O CER utilizou um algoritmo que se baseia no desempenho econômico de 22 outros países que foram estreitamente equiparados ao desempenho do Reino Unido antes do Brexit. O centro de pesquisa usou este parâmetro para criar um modelo hipotético e mostrar a trajetória econômica do Reino Unido se o país não tivesse saído da UE.
Por outro lado, o estudo não mostra que o Brexit tenha levado o Reino Unido a sofrer um efeito econômico maior da Covid do que outros países.
O relatório também revela que o comércio de serviços se mostrou praticamente o mesmo em ambos os cenários, indicando a transição mais suave das empresas dentro deste setor.
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