Argentina reduz taxas com cartão para evitar que turistas usem câmbio paralelo

Turistas não veem vantagem em usar cartão de crédito no país, já que o câmbio no mercado paralelo é mais alto

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Bloomberg — Em uma tentativa de atrair mais dólares para o turismo na Argentina, o governo permitiu que MasterCard (MA) e Visa (V) comecem a oferecer aos viajantes uma taxa de câmbio que quase dobra seu poder de compra.

Historicamente, visitantes da Argentina têm conseguido taxas de câmbio muito melhores trocando dólares por pesos no mercado paralelo. Mas pagar em dinheiro ficou complicado, porque a nota de maior valor nominal do governo, de 1.000 pesos, vale cerca de US$ 3. Isso, aliado à inflação anual perto de 100%, obriga os turistas a usarem maços de pesos para as compras diárias.

A Argentina busca atrair mais dólares para a economia formal porque precisa de reservas na moeda americana para estabilizar o peso e evitar outra desvalorização.

Mas o câmbio mais alto do mercado paralelo tem dificultado reforçar as reservas - turistas não tinham incentivo para usar cartões de crédito na Argentina porque pagavam na taxa de câmbio oficial. Transações com cartões de crédito estrangeiros no país caíram de US$ 250 milhões por mês nos anos anteriores para US$ 30 milhões mensais em 2022, segundo o banco central argentino.

A autoridade monetária pretende reverter essa tendência ao permitir que, para compras feitas com cartões de crédito e débito emitidos no exterior, administradoras usem taxas de câmbio semelhantes às oferecidas no mercado paralelo, atualmente cerca do dobro da taxa oficial. A iniciativa foi lançada em 3 de novembro e dá os primeiros sinais de estar funcionando: as transações da MasterCard na Argentina aumentaram 25% na primeira semana, de acordo com o banco central.

“Não é necessário vir com dinheiro, os cartões de crédito agora reconhecem a taxa de câmbio diferencial”, disse o ministro do Turismo da Argentina, Matías Lammens, por e-mail. “Os dólares que antes ajudavam a sustentar o mercado informal hoje vão fortalecer as reservas do banco central.”

Esta é a mais nova tentativa da Argentina de impulsionar o peso tentando atrair mais visitantes. No início deste ano, o país começou a permitir que turistas estrangeiros trocassem até US$ 5 mil em dinheiro por pesos a uma taxa de câmbio mais rentável do que a oficial. Em 2021, a capital Buenos Aires fez uma campanha onde se promoveu como o melhor lugar para trabalhar remotamente, já que o peso perdeu 89% do valor em relação ao dólar desde 2018.

Agora, titulares de cartões emitidos no exterior poderão obter 325 pesos por dólar, em comparação com a taxa oficial do país de 173 pesos, embora cada administradora de cartões deva cobrar uma comissão abaixo de cerca de 4%, disseram autoridades do banco central.

Só o tempo dirá se esta experiência será uma solução a longo prazo. Estudos mostraram que, quando os consumidores usam cartões de crédito, geralmente consomem mais, porque se preocupam menos com o dinheiro sendo gasto. Mas também existe um costume antigo de visitantes da Argentina de usar dinheiro.

Embora a medida torne as viagens mais convenientes para turistas estrangeiros, faz parte de um número crescente de taxas de câmbio informais ou temporárias que os argentinos criticam por tornar uma economia já complexa ainda mais difícil de entender e navegar.

A Argentina tem diferentes taxas de câmbio para exportações, shows de música e argentinos que viajam ao exterior.

O banco central abriu caminho para que as administradoras usassem a nova taxa em novembro, mas levou mais tempo do que o esperado para conseguir a adesão das emissoras de cartões, de acordo com uma autoridade do banco central que pediu para não ser identificada.

Mas nem todas as empresas estão a bordo. A American Express ainda não implementou a nova taxa de câmbio, de acordo com essa fonte. A American Express não respondeu a um pedido de comentário enviado por e-mail.

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