Bloomberg — Os estrategistas da BlackRock (BLK) alertam que os investidores que começaram a apostar em uma forte desaceleração da inflação nos Estados Unidos vão se decepcionar.
Embora reconheçam que as pressões de preço diminuíram mais rapidamente do que o esperado, eles contestam o consenso de que a inflação cairá rumo à meta de 2% do Federal Reserve (Fed).
Isso leva a maior gestora de ativos do mundo a recomendar uma exposição menor em títulos do Tesouro em favor de títulos indexados à inflação e dívida corporativa com grau de investimento no ano que vem.
Scott Thiel, o principal estrategista de renda fixa da gestora, vê a inflação dos EUA a 3,5% no final de 2023 em meio à escassez persistente de mão de obra, salários mais altos e estoques em queda. Isso contrasta com swaps de índice de preços ao consumidor de um ano a 2,38% e taxas implícitas de 10 anos a 2,14%.
“Simplesmente achamos esse nível muito baixo”, disse Thiel em entrevista. “A volatilidade nos números do CPI é algo que o mercado deve esperar. Vai ser difícil prever mês a mês. Mas provavelmente será mais fácil descer de 7% para 5% do que de 5% para 3%.”
A BlackRock espera que o Fed aumente juros para 5% no primeiro semestre de 2023, e que a inflação se acomode em torno de 3% no longo prazo. As expectativas de inflação implícitas em títulos caíram depois que o núcleo do índice de preços ao consumidor dos EUA registrou o menor avanço mensal em mais de um ano.
O Fed já aumentou agressivamente os custos de financiamento para combater a pior inflação em décadas, e a questão-chave nos mercados agora é quando os juros atingirão o pico.
Thiel vê mudanças estruturais de longo prazo que manterão a inflação elevada. Isso significa que não há razão para o Fed ser “nada além de hawkish” por enquanto, disse ele. Os formuladores de política monetária dos EUA e da Europa avisaram na semana passada que os juros têm que ir mais longe do que os mercados esperam.
Os riscos geopolíticos, os fatores demográficos e uma transição para energia renovável devem manter a inflação alta, disse Thiel. “Os juros deveriam cair de 5% para 3% nos próximos dois anos? Não neste ambiente.”
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
BlackRock: risco fiscal preocupa estrangeiro, mas não é exclusivo do Brasil
Morgan Stanley vê pior ano para ações e lucros de empresas nos EUA desde 2008