Morgan Stanley vê pior ano para ações e lucros de empresas nos EUA desde 2008

Para estrategista do banco de Wall Street, sinais recentes de enfraquecimento da economia dos Estados Unidos são preocupantes

Apesar de perspectivas negativas para as ações americanas, estrategista não prevê risco financeiro sistêmico nem sinais de dificuldades no mercado imobiliário
Por Sagarika Jaisinghani
19 de Dezembro, 2022 | 12:12 PM

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Bloomberg — O mercado acionário dos Estados Unidos pode encerrar seu pior ano desde a crise financeira global e, de acordo com Michael Wilson, estrategista do Morgan Stanley (MS), os lucros corporativos tendem a seguir pelo mesmo caminho.

Um recuo iminente nos resultados das empresas “por si só pode ser semelhante ao que ocorreu em 2008/2009”, disse Wilson. Isso poderia levar a uma nova mínima dos índices acionários “muito pior do que a maioria dos investidores espera”, escreveu em nota.

“Nosso conselho: não assuma que o mercado está precificando esse tipo de resultado até que realmente aconteça”

Michael Wilson, estrategista do Morgan Stanley

O estrategista – que normalmente tem uma visão baixista para a renda variável e previu a queda deste ano – disse que, embora a inflação tenha começado a desacelerar em relação às máximas históricas, os sinais recentes de enfraquecimento da economia dos EUA são preocupantes.

A equipe do Morgan Stanley está agora mais inclinada à sua previsão baixista para os lucros corporativos de US$ 180 por ação em 2023, ante expectativas de analistas de US$ 231.

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Isso, combinado com o fato de que o atual prêmio de risco das ações é menor do que em agosto de 2008 – embora os “valuations” sejam mais altos –, pode levar o S&P 500 a cair para até 3.000 pontos no próximo ano, disseram, o que implicaria queda de 22% em relação ao fechamento de sexta-feira (16).

Wilson, contudo, não prevê risco financeiro sistêmico nem sinais de dificuldades no mercado imobiliário e, portanto, não espera uma queda de 50% para as bolsas, como em 2008.

Um rali de dois meses dos índices acionários nos EUA perdeu força – mantendo o S&P 500 na rota de sua maior baixa anual desde 2008 – na esteira da determinação do Federal Reserve e do Banco Central Europeu de apertar a política monetária.

Na semana passada, as bolsas americanas não conseguiram superar a queda técnica dominante desde o início do ano, que pôs fim aos últimos três ralis do mercado. Estrategistas do Goldman Sachs (GS) também alertaram sobre o risco para as margens de lucro no próximo ano, já que a inflação continua elevada.

Entre os setores, Wilson disse que está “overweight” (acima da média do mercado; posição equivalente a compra) em saúde, produtos básicos e serviços públicos e “underweight” (abaixo da média do mercado; posição equivalente a venda) em ações discricionárias e de hardware de tecnologia.

-- Com a colaboração de Farah Elbahrawy e Michael Msika.

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