Bloomberg — O Bradesco (BBDC4), segundo maior banco do Brasil em valor de mercado, planeja comprar mais participações minoritárias em empresas de tecnologia para acelerar sua expansão nos Estados Unidos.
“Vamos investir em empresas digitais que podem nos ajudar a impulsionar nosso crescimento em todas as áreas nas quais atuamos, como investimentos, financiamento, cartões de crédito, pagamentos, segurança cibernética”, disse Leandro Miranda, responsável pela área de private equity e venture capital do Bradesco, em entrevista.
O banco já investiu US$ 700 milhões em participações minoritárias em empresas de tecnologia no Brasil e nos Estados Unidos e está buscando mais parceiros em negócios que “seriam extremamente caros para nós desenvolvermos por conta própria ou levariam muito tempo para desenvolvermos”, disse Miranda.
Os bancos brasileiros veem uma oportunidade de expansão ajudando clientes com investimentos e financiamento imobiliário nos EUA. A familiaridade dessas instituições financeiras com a América Latina garante maior conforto no processo de abertura de contas ou aprovação de crédito para a comunidade latina.
As empresas-alvo do Bradesco também se beneficiam, disse ele, porque “elas queimam caixa rapidamente para crescer e nós pagamos um dinheiro decente” em um ambiente no qual o capital se tornou escasso e caro.
O Bradesco fez uma parceria com a fintech BCP Global, com sede em Miami, em dezembro do ano passado, e desde então começou a usar a plataforma da empresa para oferecer investimentos digitais para brasileiros de classe média-alta e ricos.
O banco com sede em Osasco, na Grande São Paulo, participou em março de uma rodada de investimentos de US$ 44 milhões na ChargeAfter, plataforma digital que conecta bancos e lojistas, fornecendo aos consumidores ofertas de financiamento aprovadas de várias instituições financeiras com uma única requisição. A ChargeAfter opera nos EUA e em Israel.
“Queremos apenas ter certeza de que temos acordos operacionais com essas empresas, para que possamos colher os benefícios quando elas crescerem”, disse Miranda, acrescentando que o Bradesco muitas vezes tem o direito de preferência se a empresa planeja vender o controle a um concorrente. “Se elas querem fazer ofertas públicas de ações, geralmente estamos ok com isso”, disse ele.
O Bradesco planeja usar parcerias com fintechs como operações de “white label”, disse ele. “Colocamos nosso logotipo lá e preservamos a maneira como eles funcionam, para que possam se atualizar muito rapidamente e nós possamos ter infraestrutura atualizada na nuvem o tempo todo.”
Aquisição
O Bradesco tem seu próprio banco comercial com licença múltipla, sua corretora e sua empresa de assessoria de investimentos nos EUA depois de fechar um acordo de US$ 500 milhões em 2019 para comprar o BAC Florida Bank, com sede em Coral Gables, na Flórida, agora chamado Bradesco Bank. O banco está elevando em US$ 200 milhões o capital dessa subsidiária nos EUA, que atende pessoas físicas de alta renda, disse o vice-presidente executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, em novembro.
Os brasileiros representam cerca de 25% dos clientes do Bradesco Bank, enquanto outros países latino-americanos respondem por 35%, segundo Miranda, que também é responsável pelos negócios da Flórida. O resto são cidadãos americanos.
“Estamos transformando nossa plataforma digital de investimentos com o BCP em uma corretora digital este mês, para que nossos clientes possam investir em qualquer ação dos EUA e, em julho de 2023, também poderão investir em títulos e fundos”, disse.
Segundo Miranda, o Bradesco Bank já é o maior financiador de imóveis residenciais para estrangeiros na Flórida, e o plano é aumentar a carteira de empréstimos do banco e ampliar serviços de gestão de fortunas.
Crédito
Mas o Bradesco pretende ir além do atendimento aos ricos. Também está ajudando a fornecer crédito a indivíduos de baixa renda nos EUA, depois de adquirir uma participação de US$ 10 milhões na OneBlinc, uma empresa de Miami fundada por brasileiros. A OneBlinc oferece empréstimos consignados, contas e cartões de débito para funcionários públicos estaduais e federais e profissionais de saúde.
“Percebemos que a população latina e negra dos EUA é pouco bancarizada”, disse Miranda, acrescentando que o banco pretende levar seus sistemas para os EUA e oferecer “tecnologia inovadora” para ajudar a resolver o problema.
O Bradesco já tem mais exposição do que seus pares a pequenas empresas e pessoas físicas de baixa renda no Brasil, segundo o BTG Pactual.
“Vamos investir em várias fintechs em todo os EUA para obter conhecimento local sobre os clientes, entender suas necessidades, seu comportamento e como podemos levar nossos sistemas para atendê-los”, disse Miranda.
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