Bloomebrg Línea — A noção de que transformar organizações em empresas diversas afeta positivamente os negócios e funcionários está se tornando cada vez mais difundida. No entanto, há algumas áreas que mais inclusivas que outras.
Um estudo privado recente da Bain & Company indicou que os investimentos em Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) impactaram positivamente a experiência dentro das empresas na América Latina. De acordo com uma pesquisa com 5 mil pessoas na Argentina, Chile, Colômbia e Brasil, 70% dos funcionários acreditam que o sentimento de inclusão melhorou nos últimos anos e este efeito foi ainda mais pronunciado para as mulheres, afrodescendentes e outros grupos subrepresentados.
Está provado, segundo a Bain & Company, que a inclusão atrai, retém e solidifica o desempenho da equipe, tornando-a uma ferramenta crítica para obter e reter talentos dentro da empresa, já que as pessoas que não se sentem incluídas têm oito vezes mais chances de buscar novas oportunidades e 17 vezes mais chances de não recomendar a empresa para a qual trabalham. Da mesma forma, aqueles que se sentem incluídos são quatro vezes mais propensos a reconhecer que o ambiente de trabalho aumenta sua criatividade e lhes permite desafiar o status quo.
No entanto, menos da metade dos funcionários se sente plenamente incluída nos países sul-americanos.
Como implementar a inclusão em uma empresa
À medida que o DE&I avança, as organizações estão se esforçando cada vez mais para criar áreas especializadas, implementando iniciativas internas, compromissos públicos ou apoio direto ao ecossistema através de ONGs, investimentos públicos, entre outros.
Contudo, é necessário diferenciar diversidade e equidade, os dois pilares que os funcionários mais valorizam dentro das empresas.
Diversidade refere-se à representatividade dentro da organização de pessoas de diferentes etnias, gêneros, orientações sexuais, habilidades, origens, traços de personalidade e tudo o que define a identidade de cada funcionário.
Já a equidade é entendida como aqueles processos destinados a promover a igualdade de acesso, oportunidades e resultados para todas as pessoas.
De acordo com a Global LinkedIn Data Press, houve um aumento de 68% no número de diretores de diversidade (CDOs – o cargo executivo responsável pela diversidade) e um aumento de 107% no número de Líderes da Diversidade Global nos últimos cinco anos.
Os setores de serviços tecnológicos, petróleo e gás e serviços financeiros são os com maior percepção de inclusão (56%, 53% e 50% dos entrevistados indicaram que se sentem totalmente incluídos, respectivamente), enquanto os funcionários das indústrias de serviços e saúde se sentem menos incluídos (39% totalmente incluídos).
O sentimento de inclusão também afeta a satisfação dos funcionários. De acordo com a metodologia Net Promoter Score for People5, os entrevistados foram avaliados quanto à probabilidade de recomendar a empresa para a qual trabalham. Os resultados mostraram que aqueles que não se sentem incluídos são 17 vezes mais propensos a não recomendar a empresa para a qual trabalham. Os dados mostram que este fator é ainda mais relevante para as mulheres, que são menos propensas do que os homens a recomendar as empresas para as quais trabalham quando não se sentem plenamente incluídas.
Inclusão em cada país
Dos países analisados, a Colômbia mostrou consistentemente uma melhora na percepção em todos os grupos demográficos e setores analisados, mesmo que os entrevistados desse país tenham a maior preocupação com a inclusão entre todos os países, especialmente para as mulheres.
No Brasil, houve uma melhoria em comparação com 2019. Na época, 38% das mulheres e 41% dos homens acreditavam que os líderes de sua empresa tinham a igualdade de gênero como uma questão estratégica imperativa ou prioritária, em comparação com 55% e 54% medidos na pesquisa atual.
Entretanto, o segundo lugar é ocupado pelo Chile, com 73% de percepção positiva da igualdade de gênero.
Na Argentina, 47% dos homens heterossexuais brancos consideram a inclusão importante quando procuram uma empresa, o grupo que menos valorizava a inclusão entre os países.
Ao mesmo tempo, em todos os países pesquisados, a inclusão provou ser uma forte influência no valor do eNPS, e para os entrevistados na Colômbia e na Argentina, este fator é ainda mais pronunciado.
Embora a América Latina ainda enfrente um desafio considerável, o percentual de funcionários que se sentem plenamente incluídos (46%) é maior do que na América do Norte, Europa e Austrália, onde apenas cerca de 30% dos entrevistados se sentem totalmente incluídos.
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