Em São Paulo só faltavam praia e ondas. Não faltarão mais, diz CEO da JHSF

Incorporadora prepara clube na capital paulista em terreno adquirido por R$ 156 milhões, conta Thiago Alonso em entrevista à Bloomberg Línea. E logo haverá concorrência

Vista para o mar... ou para a Ponte Estaiada, segundo o novo projeto da JHSF para um clube com onda em São Paulo
17 de Dezembro, 2022 | 08:02 AM

Bloomberg Línea — Na disputa entre as gestoras mais bem-sucedidas do mercado, a Faria Lima rivaliza com o Leblon. Uma das diferenças é a proximidade da praia e do mar de que desfrutam assets como Dynamo, IP, Atmos, Squadra e ARX, a apenas centenas de metros do Oceano Atlântico. Mas isso está com os dias contados.

Brincadeiras à parte, São Paulo e gestoras como Verde, Kapitalo, Rio Bravo e Legacy terão uma praia com ondas para chamar de sua em questão em questão de dois anos, se tudo correr como previsto.

Ao menos esse é o cronograma do projeto que pretende se tornar o primeiro clube de surfe da maior cidade do país, em um projeto de centenas de milhões de reais da JHSF (JHSF3) localizado às margens do rio Pinheiros e com vista para o cartão-postal da Ponte Estaiada, na zona sul da capital.

E o São Paulo Surf Club, da JHSF, não estará sozinho. Outro clube com praia artificial e piscina com ondas será erguido perto dali pela KSM Realty, em parceria com o BTG Pactual (veja mais abaixo).

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No caso da JHSF, incorporadora conhecida por empreendimentos para o público de alto padrão como o Hotel Fasano e a Fazenda Boa Vista, além do Shopping Cidade Jardim, só com o terreno próximo à marginal Pinheiros foram desembolsados R$ 156 milhões. O valor total do investimento não foi revelado.

No exterior, em países como os Estados Unidos, estima-se que projetos completos de piscinas com ondas, somando a estrutura de lazer do entorno, como restaurantes, vestiários etc., saiam em torno de US$ 25 milhões (cerca de R$ 140 milhões ao câmbio atual). Um dos grandes empreendedores dessa indústria é o maior surfista de todos os tempos, o americano Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial.

Será uma praia com ondas artificiais para (bem) poucos. Ou, mais exatamente, para membros do São Paulo Surf Club e moradores de um dos 250 apartamentos integrados ao espaço, que terá a estrutura de um clube, como quadras de tênis cobertas, de beach tennis (claro!), um spa e um shopping, além da piscina de ondas. Qualquer pessoa pode comprar um título de membro, mesmo que não tenha uma propriedade.

“O modelo é voltado para disponibilidade e qualidade de uso: ou seja, a exclusividade”, disse Thiago Alonso, CEO da JHSF, em entrevista à Bloomberg Línea. “Nosso foco é o cliente que já faz uso, e não ampliar o público.”

Alonso explicou que membros da JHSF poderão ter acesso ao novo clube na capital. Ou seja, basta adquirir o programa da companhia, não necessariamente uma propriedade.

Convidados dos membros poderão utilizar a piscina conforme as regras do programa do membership. Qualquer pessoa pode adquirir o programa de membership do São Paulo Surf Club. Já o clube do Village é restrito para quem tem propriedade no próprio Village ou na Fazenda Boa Vista.

O valor da inscrição será de R$ 895 mil no plano familiar, que vale para titular, cônjuge e três dependentes de até 35 anos. O custo do título individual é de R$ 600 mil, e a taxa anual de manutenção é de R$ 21 mil. A expectativa de lançamento do complexo é para 2024.

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“Será algo mais voltado para um membro do que para uma pessoa que usa eventualmente e que pode acabar atrapalhando o usuário frequente”, disse Alonso.

Segundo o executivo, a decisão do investimento na piscina com onda, que não é revelado, vai encontro de novas demandas do público. “Certamente vamos estimular o esporte. É voltado ao que nosso cliente busca em termos de qualidade de vida.”

Concorrência entre piscinas de ondas

O ingresso da JHSF no segmento de lazer com ondas artificiais acontece em um momento de crescimento dessa modalidade de surf na região. A praia mais próxima da cidade de São Paulo fica em Santos, a cerca de 75 quilômetros de distância.

A Praia da Grama ganhou o status de primeira piscina de ondas do Brasil, aberta em 2019 no interior de São Paulo. O projeto da incorporadora KSM Realty faz parte de uma expansão do condomínio Fazenda da Grama, em Itupeva, lançado em 2004.

As ondas da Praia da Grama usam a tecnologia espanhola WaveGarden. Diferentemente do modelo de negócios da JHSF com seu clube, o empreendimento no interior paulista promoveu até um campeonato de surf sub-16 em outubro deste ano, com exibição especial de Gabriel Medina, três vezes campeão mundial, e com sua irmã Sophia Medina como competidora.

A KSM Realty já trabalha em outro projeto de piscinas de ondas, mas na capital paulista, a cerca de 7 quilômetros do terreno da JHSF. Em conjunto com o BTG Pactual (BPAC11), planeja para construir o Beyond The Club, um clube com piscina de ondas que, segundo o site, terá 3.000 títulos familiares em um terreno de 70 mil metros quadrados. A expectativa de lançamento do Beyond é em 2025.

O CEO da JHSF explicou que o surgimento de clubes ou espaços com piscinas de ondas não acontece por acaso e decorre do aumento da disponibilidade dessa tecnologia. A utilizada pela JHSF, por exemplo, é conhecida como PerfectSwell.

“A decisão foi derivada da avaliação de clientes que foram convidados a testar ondas artificiais no mundo inteiro.”

O maior interesse do público pelo esporte, principalmente depois que entrou no programa oficial da Olimpíada pela primeira vez na disputa em Tóquio em 2021 também impulsiona o movimento.

A própria JHSF também está testando outra piscina de ondas na Fazenda Boa Vista. O Boa Vista Village, no interior de São Paulo, tem previsão de lançamento para 2023. Esse membership pode ser adquirido apenas por proprietários do Boa Vista Village e Fazenda Boa Vista.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.