Bloomberg — Aliados do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que faltou boa vontade do mercado com os primeiros gestos que ele fez após ser anunciado para o cargo.
A primeira coletiva do futuro ministro teve uma reação negativa, mas ocorreu poucas horas depois de o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ter dito que não haverá privatizações em seu governo e de ter optado por Aloizio Mercadante, um nome político muito ligado ao PT, para o BNDES.
Haddad, segundo aliados, teria dito o que foi possível naquele momento. Que vai antecipar a apresentação de uma âncora fiscal para substituir o atual teto de gastos, que quer avançar em uma reforma tributária, além de falar em cooperação com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Já a entrevista de Haddad que veio em seguida foi melhor recebida, especialmente depois da declaração de que este não é o momento de a política fiscal ajudar no crescimento da economia. Isso aliviou aliados, que agora avaliam que, aos poucos, o novo ministro será decantado e aceito.
O que será do Planejamento
Haddad tem sugerido a Lula não apenas recriar o Ministério do Planejamento mas desmembrá-lo em dois: um para as áreas de Planejamento e Orçamento e outro para Gestão.
O segundo ficaria encarregado de cuidar mais diretamente da máquina pública e lidar com burocracia de despesas como custeio e pessoal. Nesse cenário, o Planejamento ficaria com um nome político e com trânsito no Congresso, enquanto o segundo seria chefiado por alguém com perfil técnico.
Boi de piranha
A mudança feita a toque de caixa na Lei das Estatais acabou caindo na conta de Mercadante. Aliados do futuro presidente do BNDES, no entanto, afirmam que ele foi boi de piranha.
A flexibilização nas regras para nomeação de cargos nas estatais não seria necessária no caso de Mercadante, segundo aliados. Mas a alegada falta de boa vontade do mercado e o timing da mudança teriam levado a uma associação direta a seu nome.
Por trás da alteração legal, na verdade, estaria uma movimentação de parlamentares que estão deixando os mandatos e de aliados do novo governo para encontrarem espaço em cargos de empresas estatais de forma geral, não necessariamente o BNDES.
MDB na Esplanada
O MDB espera ter ao menos três ministérios no governo Lula. Como tradição, essa divisão contempla um nome da Câmara e outro do Senado para evitar a ciumeira.
Nessa configuração, Renan Filho seria o nome para o Ministério de Minas e Energia. Segundo aliados, Lula já teria dado uma sinalização positiva para Renan pai, Calheiros.
Os demais cotados são o deputado Isnaldo Bulhões Jr. e a senadora Simone Tebet - esta já com um ministério assegurado.
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