Bloomberg — A final da Copa do Mundo só acontece no domingo (18), mas em uma disputa os vizinhos já saem na frente da atual seleção campeã do mundo.
A Argentina está em melhor posição para ganhar o benefício econômico que normalmente vem de uma vitória na Copa do Mundo, de acordo com um estudo sobre os efeitos em campeões passados.
O campeão mundial de futebol no torneio realizado a cada quatro anos tende a ter 0,25 ponto percentual a mais de crescimento econômico nos dois trimestres seguintes ao torneio, segundo um estudo recente de Marco Mello, da Universidade de Surrey, no Reino Unido.
Isso se deve principalmente ao aumento das exportações porque o vencedor tem maior visibilidade internacional, disse Mello em entrevista à Bloomberg News. A pesquisa mostrou um salto descomunal nas vendas externas do Brasil após a conquista da Copa do Mundo de 2002, por exemplo.
E avalia que, entre os dois países que disputam a final deste ano no domingo — partida que deve ser assistida por metade da população do planeta —, a Argentina, com perfil exportador semelhante, tem mais chances de conseguir esse tipo de impulso.
“Se há um dos dois países que pode se beneficiar, assim como o Brasil, é a Argentina, e não a França”, disse Mello, pesquisador de pós-doutorado em Surrey. Além do mais, “pode haver um efeito menos pronunciado para a França porque é o vencedor atual, então torna-se menos surpreendente”.
Exemplo da Espanha
Uma outra mudança que deve ser considerada, de acordo com o pesquisador, é que o calendário diferente do torneio deste ano no Qatar — realizado no inverno do hemisfério norte, em vez do verão nas edições nos países antecessores — pode mudar os efeitos econômicos de vencê-lo.
Estudos anteriores também mostraram que o sucesso no maior evento esportivo do mundo pode impulsionar o crescimento econômico.
O fato de chegar às quartas-de-final pode gerar um aumento nas exportações e uma diversificação do comércio, de acordo com um estudo de 2014 — o que pode ser uma boa notícia para o Marrocos, semifinalista surpresa deste ano e, em menor escala, para a Croácia.
Ainda assim, o cenário econômico vigente não é animador para nenhum dos finalistas.
A França está lutando com uma crise de energia e uma onda de greves. A Argentina tem uma inflação próxima de 100% e sofre uma seca que ameaça reduzir as exportações de safras agrícolas no ano que vem.
A história sugere que problemas econômicos pré-existentes podem limitar quaisquer ganhos que venham com a vitória na Copa do Mundo, ressalvou Mello.
“Se há um país nas últimas Copas do Mundo que não se beneficiou muito com a conquista da Copa do Mundo, é a Espanha em 2010, quando houve a crise da dívida soberana”, disse ele. “Essa crise de custo de vida e essa potencial recessão que se aproxima podem mascarar os efeitos eventuais de vencer a Copa do Mundo.”
- Com a colaboração de Patrick Gillespie e Guilherme Horobin.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
Copa é oportunidade que vai além da exposição, diz diretor de marketing do Itaú
Economista que previu queda do Brasil nas quartas-de-final aponta decisão da Copa
© 2022 Bloomberg LP