Goldman vê superciclo e diz que commodities serão o melhor investimento em 2023

Banco espera que o índice S&P GSCI Total Return − uma das principais medidas dos movimentos dos preços das commodities − suba 43% em 2023

Banco vê as commodities como a melhor classe de ativo para investir no próximo ano
Por Paul Wallace
15 de Dezembro, 2022 | 11:02 AM

Bloomberg — Depois de dois anos consecutivos se destacando entre as demais classes de ativos, as commodities devem continuar como o melhor investimento para 2023, oferecendo aos investidores retornos de mais de 40%. É o que defende o Goldman Sachs (GS).

Em relatório, o banco de Wall Street avalia que o primeiro trimestre deverá ser complicado por problemas causados pela fraqueza econômica na China e nos Estados Unidos e pela escassez de matérias-primas, do petróleo ao gás natural e metais, mas que a situação deve melhorar depois desse período, resultando em um aumento dos preços.

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O Goldman previu um superciclo plurianual de commodities no final de 2020. O banco manteve essa visão mesmo quando os preços de energia caíram nos últimos meses devido às restrições impostas pelo coronavírus na China e à uma desaceleração econômica global que suprime a demanda.

“Apesar de os preços de muitas commodities quase dobrarem na comparação anual, o capex [despesas de capital] em todo o complexo de commodities foi decepcionante”, escreveram os analistas do Goldman, incluindo Jeff Currie e Samantha Dart. “Esta é a revelação mais importante de 2022: mesmo os preços extraordinariamente altos vistos no início do ano não podem criar influxos de capital suficientes e, portanto, fornecer resposta para resolver a escassez de longo prazo.”

O banco espera que o índice S&P GSCI Total Return Index − uma das principais medidas dos movimentos dos preços das commodities − suba 43% em 2023. Isso aumentaria os ganhos de 24% no ano até agora. As ações dos Estados Unidos, por outro lado, caem cerca de 16%, enquanto os títulos de renda fixa do governo também recuam.

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O Goldman está longe de ser o único entre analistas e investidores a ficar otimista em relação às commodities. Muitos dizem que a falta de exploração de novos campos de petróleo e de investimentos em minas levou à diminuição dos estoques e à restrição dos mercados. Os 15 principais fundos de hedge focados em commodities aumentaram seus ativos em 50% este ano, para US$ 20,7 bilhões, de acordo com dados preliminares da Bridge Alternative Investments.

“Sem capex suficiente para criar um excesso na capacidade de oferta, as commodities permanecerão em um estado de escassez de longo prazo, com preços mais altos e voláteis”, disseram os analistas do Goldman.

O banco prevê que o petróleo tipo Brent subirá para US$ 105 o barril no último trimestre de 2023, ante US$ 82 hoje. O cobre, por sua vez, deverá saltar para US$ 10.050 a tonelada, de cerca de US$ 8.400, segundo o Goldman, enquanto o gás natural liquefeito pode subir de US$ 33 (por milhão de unidades térmicas britânicas) para US$ 53,10.

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Ainda assim, alguns analistas rivais estão céticos, dizendo que as economias são muito frágeis para que as commodities tenham um desempenho superior.

“A maré pode estar mudando”, disseram neste mês os analistas do Citigroup (C), liderados por Ed Morse. “A possibilidade de uma recessão global representa uma ameaça para uma classe de ativos que experimentou um renascimento nos últimos dois anos.”

-- Com a colaboração de Jake Lloyd-Smith

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