Bloomberg — As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) desabaram nesta quarta-feira (14) depois que a Câmara dos Deputados aprovou mudanças na Lei das Estatais.
Os deputados aprovaram na noite de terça-feira, por 314 votos a 66, uma proposta que reduz de três anos para um mês a quarentena para os nomeados como executivos e membros do conselho de empresas estatais que tenham participado de campanhas políticas. A mudança permitiria à administração de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomear políticos para cargos-chave em empresas controladas pelo governo.
As mudanças precisam do apoio dos senadores antes que possam ser sancionadas. O clima no Congresso sugere uma rápida aprovação da proposta, apesar de sua polêmica.
A advogado e membro do conselho da Petrobras Francisco Petros classificou o projeto como um “retrocesso” em entrevista à Bloomberg News sobre as alterações propostas. A medida representaria “uma fonte infindável de conflitos de interesse entre partes com interesses duvidosos em relação aos negócios das estatais”.
Analistas pegos de surpresa
As ações da Petrobras lideraram as de pior desempenho no Ibovespa (IBOV) nesta quarta, com quedas de 9,80% para as ordinárias e de 7,93% para as preferenciais no fechamento. Outras estatais também operavam em queda: a ação do Banco do Brasil (BBAS3) recuou 2,48%.
“A velocidade com que a mudança ocorreu nos pegou de surpresa”, escreveram Pedro Soares e Thiago Duarte, do BTG Pactual, em nota. “Isso é indiscutivelmente negativo para a Petrobras (e outras estatais brasileiras) e elimina um dos principais mecanismos de defesa da influência política na empresa.”
A Petrobras está sob forte pressão desde que Lula foi eleito, com os investidores assustados pelas perspectivas de uma nova gestão e uma esperada mudança de foco para investimentos em ativos de menor retorno, como refinarias.
Na terça-feira (13), o Bradesco BBI abandonou sua recomendação de compra para a ação, dizendo que o fluxo de notícias em torno da empresa está “se deteriorando a cada dia”.
Enquanto o atual presidente Jair Bolsonaro disse em agosto que sua equipe econômica tinha luz verde para planejar uma possível venda da Petrobras, Lula disse na terça-feira que as privatizações chegarão ao fim em seu governo.
A Petrobras, embora considerada uma das empresas petrolíferas nacionais com maior capacidade técnica, também tem um histórico de interferência e corrupção do governo, que eclodiu na Operação Lava-Jato.
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