Fed aumenta juros em 0,5 ponto e sinaliza novas altas; bolsas caem nos EUA

Decisão marca uma desaceleração do ciclo de alta no país desde que dados recentes mostraram um alívio da inflação

Banco central americano aponta para um aumento mais gradual dos juros
14 de Dezembro, 2022 | 04:06 PM

Bloomberg Línea — Os diretores do Federal Reserve (Fed) decidiram elevar a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,5 ponto porcentual para o intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano nesta quarta-feira (14). O aumento foi menor do que nas últimas reuniões, quando o Fed elevou os juros em 0,75 ponto por quatro vezes consecutivas.

Apesar da redução no ritmo do aperto monetário, o Fed sinalizou em comunicado que deve continuar elevando os juros até que as perspectivas para a inflação estejam em linha com a meta de 2% ao ano, frustrando investidores que esperavam sinais de que o Fed poderia reduzir ainda mais o ritmo dos aumentos ou interromper as altas.

“O Comitê antecipa que os aumentos em curso na faixa da meta serão apropriados para atingir uma postura de política monetária suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”, diz o comunicado.

O Dow Jones, que avançava na tarde desta quarta, passou a cair logo após a decisão e fechou em queda de 0,42%. O S&P500 e a Nasdaq também caíram 0,61% e 0,76% respectivamente, depois de cair perto de 1% após a divulgação do comunicado. Já o Ibovespa (IBOV) destoou dos mercados internacionais e fechou em alta 0,2%.

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Os diretores do Fed também indicaram uma previsão mais alta para a taxa de juros ao fim de 2023. A mediana das estimativas entre os conselheiros subiu para 5,1%, mais elevada do que as projeções de setembro. A maior parte dos diretores prevê uma queda dos juros em 2024 para 4,1%, um pouco mais alto do que a projeção anterior.

O presidente do Fed, Jerome Powell, reforçou o tom hawkish do comunicado em entrevista coletiva realizada após a divulgação, e afirmou que a autoridade monetária não estava perto de acabar com o aperto monetário agressivo.

Powell afirmou que o Fed ainda tem muito caminho para percorrer, e que a magnitude da alta dos juros na próxima reunião, em 1º de fevereiro, vai depender dos indicadores que serão divulgados até lá.

“Restaurar a estabilidade de preços provavelmente vai exigir uma política restritiva durante algum tempo”, afirmou.

No comunicado, o Fed diz que “estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir o alcance das metas”.

De acordo com o comunicado do Fed, “para determinar o ritmo de aumentos futuros no intervalo da meta, o Comitê levará em consideração o aperto acumulado da política monetária, as defasagens com que a afeta a atividade econômica e a inflação e os desenvolvimentos econômico-financeiros”. A decisão foi unânime.

Ciclo de aperto monetário

O aumento no patamar de 0,5 ponto já era consenso entre os economistas do mercado financeiro e marca uma desaceleração no ciclo de alta dos juros americanos desde que o Fed começou a elevar as taxas em março deste ano para combater a disparada da inflação.

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Nas últimas quatro reuniões de política monetária, o Fed elevou os juros em 0,75 ponto. Agora, o banco central americano aponta para um aumento mais gradual depois que dados recentes mostraram uma desaceleração da inflação nos Estados Unidos.

Números do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de novembro divulgados ontem (13) confirmaram a tendência. A inflação em 12 meses chegou a 7,1% em novembro, o menor resultado desde dezembro de 2021.

Assim como outros países, os Estados Unidos enfrentaram um forte aumento da inflação em 2021 e 2022. O CPI subiu ao longo do ano e atingiu um pico de 9,1% em 12 meses em junho e depois começou a retroceder. A inflação americana atingiu níveis que não eram vistos em cerca de 40 anos, desde os anos 1980, o que pressionou o Fed a aumentar os juros e reduzir os programas de compras de títulos públicos e privados, usados como estímulo monetário.

-- Atualizada às 18h23 para incluir mais informações. Com informações da Bloomberg News.

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Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.

Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.