Gigante de data center revela planos no país após comprar empresa do Pátria

Em entrevista à Bloomberg Línea, CEO da americana Aligned diz que a aquisição da Odata vai acelerar a expansão no mercado também na América Latina

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Bloomberg Línea — A Aligned, operadora norte-americana de data center, anunciou, nesta terça-feira (13), a compra da brasileira Odata, controlada pelo Pátria Investimentos, após uma negociação antecipada pela Bloomberg News em reportagem no último dia 5. A transação, que depende ainda da aprovação das autoridades reguladoras, reforça a presença da Aligned no mercado de infraestrutura de TI (tecnologia da informação) na América Latina. A Odata opera também na Colômbia, México e Chile.

Em entrevista à Bloomberg Línea, o CEO da Aligned, Andrew Schaap, disse que, provavelmente, a conclusão da operação deve levar entre 10 e 12 semanas.

Vemos diversas sinergias, complementaridade e também uma fantástica plataforma. Uma segunda fase começa hoje e vamos continuar este crescimento acelerado na região”, afirmou o executivo.

Os detalhes financeiros da aquisição, como o preço e os termos do contrato, não foram divulgados. A Bloomberg News citou, com base em fontes não reveladas porque as negociações eram privadas, que a Odata foi avaliada em US$ 1,8 bilhão, incluindo dívidas.

Além da fatia do Pátria, a Aligned também adquiriu uma participação minoritária da CyrusOne, outra operadora americana de data center. “Eles também estão vendendo suas ações. Então, a Aligned está adquirindo 100% das quatro unidades [Brasil, Chile, Colômbia e México]. Teremos o controle integral da Odata quando concluímos a transação nos quatro países”, afirmou o CEO da Aligned.

A companhia americana, controlada pelos fundos administrados pela gestora Macquarie Asset Management, informou ter fechado um acordo para receber um investimento minoritário na Odata de fundos da SDC Capital Partners, que também opera data centers na América Latina.

“Quando conhecemos a equipe da Odata, seus clientes, a forma como eles atuam no mercado, vimos ser bastante semelhante, idêntica à nossa forma de alinhamento. Podemos realmente acelerar o crescimento da plataforma da Odata. Temos um grande investidor do nosso lado. Somos propriedade da Macquarie, uma das líderes mundiais em gestão de infraestrutura”, disse Schaap.

A aquisição da empresa brasileira dá complementariedade à Aligned, que opera em outros continentes. No mercado Ásia-Pacífico, por exemplo, é dona da AirTrunk. Nos EUA, conta com a Netrality, que atua também no segmento de conexão por fibra óptica.

“A Macquarie gasta seu tempo e energia em todo o ecossistema de infraestrutura digital. Estamos muito satisfeitos com a oportunidade de alocar parte desse capital, utilizar algumas de nossas patentes e tecnologia que temos para realmente acelerar o nosso crescimento na América Latina”, afirmou o CEO da Aligned.

Crescimento

Fundada há sete anos, a Odata possui cerca de 350 funcionários nos quatro países onde atua, segundo o CEO da companhia, Ricardo Alário Arantes. “Começamos com cerca de 100 pessoas. Hoje mais do que triplicamos esse número. Foi um crescimento explosivo, não apenas em pessoal, mas também em capacidade e data centers construídos.”

Atualmente, a companhia opera seis data centers, além de quatro em construção, refletindo o crescimento da base de clientes e dos negócios deles na região. “Acreditamos que vão gerar muitos empregos não só no Brasil, mas também nos outros países em que operamos”, disse Arantes.

Já Felipe Pinto, sócio do Pátria Investimentos, lembrou que a Odata começou as operações em 2015 sob a liderança de Arantes e de Rafael Bomeny, CFO da companhia, experimentando um ritmo acelerado de crescimento. “Não vemos nenhum sinal de desaceleração do crescimento. Estamos muito orgulhos de encerrar esse ciclo e de ver a companhia se tornando um player global”.

Questionado sobre o risco de recessão global em 2023 devido aos juros elevados e o potencial impacto no mercado de data center, o CEO da Aligned apontou uma perspectiva otimista, sustentando que o setor de TI deve manter uma curva forte de demanda mesmo com um cenário macroeconômico adverso de desaceleração, que requer uma alocação mais conservadora dos recursos. Isso se deve, segundo ele, à continuidade da aposta de seus clientes diante do desenvolvimento de novas tecnologias do setor, como máquinas inteligentes, inteligência artifical, veículos autônomos e big data.

A digitalização integral da economia, acelerada durante os primeiros anos da pandemia da Covid-19, também favorece o mercado global de data centers, segundo os executivos, devido à busca por aumento de escala pelas gigantes de tecnologia e a migração do mundo analógico para o digital, como se vê atualmente no setor de saúde. A Odata atende clientes de peso como a Microsoft, Google Amazon e Oracle, por meio de contratos de longo prazo.

Os investimentos na Odata devem continuar, segundo os executivos, como a construção de um segundo data center no Chile. O Brasil já conta com uma segunda unidade, na região paulista de Campinas, em Hortolândia, com previsão de aumento de capacidade à medida em que aumenta a demanda de seus clientes. Segundo Arantes, o Estado do Rio de Janeiro também vai ganhar um grande data center da Odata, em São João de Meriti.

Nos planos de expansão, o executivo da Odata aponta como um desafio ao crescimento o acesso à energia em algumas regiões da América Latina. “O acesso à energia é algo que limita o tamanho do nosso campus de data center. Isso requer negociações com as companhias do setor para ver a nossa capacidade”, diz Arantes.

Outro desafio apontado pelos dois executivos é garantir as entregas de equipamentos na cadeia de suprimentos do setor, a fim de conquistar contratos com grandes clientes. Ao ter seu controle nas mãos de um player do porte da Aligned, as negociações da Odata com os fornecedores de equipamentos devem se tornar mais fáceis.

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