Fundos com US$ 5 trilhões sob gestão avaliam que EUA podem evitar a recessão

Posição reflete a expectativa de que o Federal Reserve pode domar a inflação americana sem levar a uma queda forte da atividade econômica, um cenário difícil de ser atingido

Gestores têm se inclinado por ações de empresas mais sensíveis aos ciclos econômicos
Por Lu Wang
13 de Dezembro, 2022 | 08:08 AM

Bloomberg — Investidores profissionais reforçam a aposta de que uma recessão pode ser evitada nos Estados Unidos, apesar de todas as advertências em contrário. É uma aposta perigosa, e por vários motivos.

Gestores têm se inclinado por ações de empresas mais sensíveis aos ciclos econômicos, como dos setores industrial e de commodities, de acordo com estudo do Goldman Sachs sobre o posicionamento de fundos mútuos e hedge funds cujos ativos sob gestão totalizam quase US$ 5 trilhões. O interesse por ações que tendem a se sair bem durante crises econômicas - como de concessionárias de serviços públicos e bens de consumo básicos - está em baixa, mostra a análise.

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As posições refletem expectativas de que o Federal Reserve pode domar a inflação sem causar uma recessão, um cenário difícil de ser atingido, muitas vezes chamado de pouso suave. A fragilidade dessas apostas ficou em evidência recentemente, quando números fortes do mercado de trabalho e dos setores de serviços nos Estados Unidos levaram à percepção de que o Fed vai manter a política monetária apertada, o que eleva os riscos de errar a dose.

“As atuais inclinações do setor são consistentes com o posicionamento para um pouso suave”, escreveram estrategistas do Goldman, como David Kostin, em nota. A equipe acrescentou que as exposições temáticas e de fatores da indústria de fundos apontam para um posicionamento semelhante.

Não é que o apetite por risco tenha aumentado. Na verdade, investidores reforçaram as posições em dinheiro ou apostas baixistas em ações neste ano, em meio à campanha mais agressiva em décadas do Fed para reduzir a inflação. Mas, por trás da postura defensiva, está uma inclinação cíclica em desacordo com preocupações generalizadas entre a comunidade de investidores de que uma forte retração econômica está no horizonte.

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Em uma pesquisa do Bank of America com gestores de fundos no mês passado, 77% esperavam uma recessão global nos próximos 12 meses, a maior proporção desde o impacto da crise de covid em 2020.

É possível que investidores ainda não tenham ajustado seus portfólios para refletir o risco econômico percebido. Ou buscam proteção contra a recessão por meio de outras estratégias, como acumular posições em dinheiro.

Uma explicação mais plausível está ligada à expectativa de que o Fed consiga arquitetar um pouso suave. Nesse caso, más notícias econômicas são vistas como boas para o mercado, pois mostram que a campanha de combate à inflação do presidente do Fed, Jerome Powell, está funcionando e, portanto, as autoridades podem desacelerar o ritmo de aumento das taxas de juros.

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A narrativa, descrita como uma guinada da política monetária do Fed, é amplamente citada como o motivo pelo qual o S&P 500 subiu mais de 10% em relação às mínimas de outubro, apesar da piora de dados em áreas como habitação e manufatura e corte das projeções dos lucros corporativos.

Agora, ocorre o oposto. As bolsas dos Estados Unidos caíram recentemente em reação à inesperada expansão de um indicador do setor de serviços dos Estados Unidos, o que provocou temores de que o Fed precise manter a política monetária apertada.

“Se o crescimento se deteriorar muito rapidamente ou for longe demais”, explica a equipe de vendas e trading do JPMorgan Chase, “uma má notícia será uma má notícia” e isso dominará a narrativa, segundo nota da equipe de pesquisa, que inclui Andrew Tyler. “Nesse cenário, os mercados provavelmente testarão novamente as mínimas de 2022.”

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