Bloomberg Opinion — “Será que a inteligência artificial consegue fazer meu trabalho?”
Essa pergunta é provavelmente o ponto alto para qualquer pessoa que tenha visto ou brincado com o ChatGPT, a ferramenta de bate-papo alimentada por inteligência artificial (IA) da OpenAI, a organização de pesquisa de IA de US$ 20 bilhões.
Desde o lançamento da ferramenta em 30 de novembro, transcrições de conversas com o ChatGPT – construído sobre os modelos de linguagem ampla do OpenAI (LLM) – nas quais o bot faz um excelente trabalho, viralizaram no Twitter.
O resultado está longe de ser perfeito. Algumas respostas do ChatGPT são enviesadas, parciais, contêm, lógica circular e imprecisões, que muitas vezes são disfarçadas por uma prosa muito confiante.
No entanto, a gama de tópicos e a velocidade com que o ChatGPT pode responder são impressionantes.
Documentos legais, análise financeira, discursos de vendas, estratégia corporativa, códigos de programação – todos foram elaborados com sucesso pelo ChatGPT.
Ethan Mollick, professor de inovação da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, aplicou o ChatGPT ao seu próprio trabalho e mostrou que ele poderia criar o conteúdo programático de seu curso e notas de palestra confiáveis.
Ele ficou muito impressionado.
“Acho que as pessoas estão subestimando o que estamos vendo no ChatGPT”, disse me Mollick. “Se você é um trabalhador corporativo, isso é transformador para a produtividade.”
E isso é só atual modelo de linguagem do OpenAI. A organização deverá lançar um novo modelo muito mais poderoso em 2023 e o Google (GOOGL) vem trabalhando em um há anos.
Mollick diz que a chave para entender o potencial do ChatGPT é reconhecer seus verdadeiros pontos fortes. Embora a IA do ChatGPT atual fique aquém das tarefas factuais e preditivas, é uma ferramenta poderosa para revisões e ideias.
É claro que depende de cada cargo e de quantos erros você está disposto a tolerar em seu trabalho. Por exemplo, a escrita criativa requer muita geração de ideias, e os erros podem ser rapidamente corrigidos sem criar danos. Por outro lado, você provavelmente deseja mais certeza factual e menos revisões para administrar uma usina nuclear.
Na área corporativa, Mollick acredita que as pessoas “que trabalham com IA são melhores do que apenas a IA”. A questão se torna: a combinação de IA e humanos pode superar o desempenho solo da IA em que percentual de cada setor? 10%? 20%? 30%?
O ex-colunista da Bloomberg Opinion, Noah Smith, e um conhecido pesquisador de IA de pseudônimo roon traçaram um caminho futuro para a colaboração entre humanos e IA chamado “modelo sanduíche”, que funciona da seguinte forma:
- Um humano envia um pedido para a IA.
- A IA gera um menu de opções.
- O ser humano escolhe uma opção, edita e acrescenta os toques de sua preferência.
Smith e roon disseram que o fluxo de trabalho é para qualquer tipo de IA generativa (texto, visual, etc.) e deram alguns exemplos muito relevantes:
Os advogados provavelmente escreverão resumos com a ferramenta, e os assistentes administrativos usarão a técnica para redigir memorandos e e-mails. Marqueteiros utilizarão uma ideia para uma campanha, gerando cópias em massa e dando retoques finais. Os consultores gerarão narrativas coerentes baseadas em uma visão curta e depois fornecerão os detalhes. Os analistas financeiros solicitarão um tipo de modelo financeiro e terão um modelo de Excel com fontes de dados preenchidas automaticamente.
Na prática, roon diz que todos devem monitorar as novidades de IA em sua área.
“As pessoas que sabem como usar as ferramentas de IA receberão aumentos”, diz roon.
Outro argumento a favor da teoria de que o “ChatGPT não vai substituir você ainda” é o desejo permanente dos humanos de ter outros humanos por perto. Como observado por Roderick Kramer, psicólogo social da Universidade de Stanford, “somos seres sociais desde o início da vida: nascemos para ser engajados e para engajar outros, para confiar. Isso é uma vantagem em nossa luta pela sobrevivência”.
A partir da primeira vez que olhamos para nossas mães e começamos a imitar suas expressões, ansiamos e cultivamos a segurança que vem com o contato humano. Mollick aponta para duas pesquisas que mostram uma reação contrária às recomendações de IA em RH e ambientes médicos, mesmo que elas fossem potencialmente benéficas.
Contudo, o comportamento se adapta. Basta lembrar que a ideia de pegar carona ou se hospedar com estranhos não era um conceito de ouro há duas décadas.
Então, eu acredito que o ChatGPT pode fazer meu trabalho? Sua capacidade de idealização e seus primeiros esboços são assustadoramente bons. Mas, por via das dúvidas, estou aprimorando minhas habilidades.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.
Trung Phan é o coapresentador do podcast Not Investment Advice e escreve o boletim SatPost. Foi o principal redator do Hustle, um boletim de tecnologia.
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