Como é o ‘bife de ouro’ que viralizou no Catar e que existe também no Brasil

Prato ganhou as redes sociais nos últimos dias depois que alguns jogadores da seleção brasileira o experimentaram no restaurante do chef Salt Bae em Doha

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Bloomberg Línea — É extremamente fino, sem sabor, derrete na boca como uma hóstia. Assim Daniel Mansour, consultor argentino e especialista em carnes bovinas, resume a sensação de comer o chamado “bife de ouro”, um prato que viralizou nas redes sociais ao ser provado pelos jogadores Gabriel Jesus, Vinícius Jr. e Éder Militão, além do ex-jogador Ronaldo, em um restaurante no Catar, sede da Copa do Mundo.

Os astros da seleção brasileira estiveram no restaurante Nusr-Et Steakhouse, do chef turco Nusret Gökçe, mais conhecido como Salt Bae, em Doha, capital do Catar, durante a primeira fase do torneio. A carne coberta por folhas de ouro 24 quilates viralizou mas também gerou críticas nas redes sociais especialmente por causa do preço cobrado, estimado em R$ 9 mil (com a conversão do câmbio).

No perfil no Instagram do chef Salt Bae, o post com cenas do jantar teve cerca de 680 mil curtidas.

Em São Paulo, é possível encontrar o prato similar para duas pessoas (entre 600 e 700 gramas de carne) por R$ 600, segundo o mestre em churrasco, que prestou consultoria ao Carat Restaurante, no Jardim Paulista, para a inclusão do “bife de ouro” no cardápio há um ano e meio.

“Foi marketing divulgar que a carne dourada do turco servida aos jogadores custou R$ 9 mil. Não custa tudo isso”, disse Mansour.

Uma caixa importada com 240 folhas de ouro de 24 quilates custa R$ 3.200, ou seja, cerca de R$ 13 por folha, segundo o mestre argentino em churrasco. Cada folha mede 8 x 8 cm. Um bife tomahawk (corte nobre, parte da costela do boi) requer seis folhas de ouro, três para cada lado, afirmou.

“A carne folheada a ouro impressiona o cliente. É um prato especial, que costuma ser pedido por quem está fechando um negócio durante um jantar ou está em um encontro romântico, para celebrar uma conquista, algo que marque a memória para sempre”, disse o consultor em carnes.

Ele afirmou que o restaurante de Salt Bae foi responsável por lançar essa moda da carne de ouro. “Acompanho nas redes sociais mais de 500 pessoas do mundo da carne. Vemos as novas tendências e acredito que podem surgir novos restaurantes em São Paulo apostando nessa moda”, afirmou.

Além da carne, também há uma sobremesa - um pudim - que utiliza um pó de ouro, também como forma de valorizar o produto. “A folha e o pó de ouro não interferem no sabor. Apenas desmancha na boca, sem ativar nenhum sentido. O cliente paga mais pelo glamour, pois a folha de ouro encarece o prato, mas o apelo é totalmente decorativo”, disse o consultor que faz uso desse recurso.

Carnes exóticas

Uma curiosidade da carne folheada a ouro guarda relação com um hábito visto no segmento de carnes consideradas exóticas.

“Carne de avestruz, carne de jacaré, esses produtos incomuns têm uma característica: quem experimenta só come uma vez. Tive um restaurante de parrilla em Moema [bairro da zona sul de São Paulo] e percebi que raramente o cliente repete. Testei com a carne de avestruz. A pessoa come para comentar na roda de amigos que provou, mas não fica fiel, como ocorre com a carne bovina”, disse.

A expectativa de que São Paulo entre na onda da carne com ouro se deve, segundo o consultor, à relevância cada vez maior da gastronomia na cidade. Segundo a SPTuris (São Paulo Turismo), empresa oficial de turismo e eventos da cidade, a capital paulista possui mais de 20 mil restaurantes.

O reconhecimento mundial do setor em São Paulo vem há duas décadas. No mês passado, o Brasil emplacou 10 restaurantes na lista dos 50 melhores da América Latina na versão local dos 50 Best, considerada a mais influente lista de restaurantes do mundo.

O peruano Central liderou a lista, mas o paulistano A Casa do Porco apareceu na quarta posição, seguido pelo carioca Oteque. Nelita, Charco, Metzi e D.O.M, todos em São Paulo, também apareceram na lista.

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