Brasília em off: os bastidores das conversas de Guedes com Haddad e Barbosa

Atual ministro da Economia se reuniu em ocasiões distintas com o sucessor agora confirmado e com o ex-ministro e também nome importante do próximo governo na área

Paulo Guedes, ministro da Economia que comandou a pasta nos quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (Andre Borges/Bloomberg)
Por Martha Beck
10 de Dezembro, 2022 | 08:18 AM

Bloomberg — A primeira conversa entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e seu sucessor Fernando Haddad foi cordial, segundo interlocutores do atual chefe da área. O ministro, que tem temperamento explosivo e não poupa adversários de críticas quando não gosta da conversa, falou pouco sobre Haddad, mas o que disse a pessoas próximas foi num tom ameno.

A leitura de interlocutores é que a postura do ministro por si só foi positiva. Guedes também já se reuniu com economistas do grupo de transição como o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e o economista Guilherme Mello.

Sobre Barbosa, a avaliação de Guedes foi a de que o ex-ministro de Dilma Rousseff entende do riscado – embora ambos não concordem com os conceitos econômicos um do outro.

Planejamento esvaziado

As declarações de Aloizio Mercadante, coordenador dos grupos da equipe de transição, sobre o papel que o Ministério do Planejamento terá no novo governo reduziram as chances de a pasta ser comandada por economistas liberais como André Lara Resende ou Pérsio Arida.

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Em coletiva na quarta-feira (7), Mercadante disse que uma das hipóteses em estudo é repassar a função de elaboração do Plano Plurianual, que tradicionalmente pertenceria ao Planejamento, para o futuro Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que também ficará com a Apex, agência brasileira de promoção de exportações, e o BNDES.

A especulação é que Lula poderia optar por ter um ministro do Desenvolvimento forte, mas não necessariamente um ministro do Planejamento de peso.

Todo mundo quer Marina

Na corrida pelo Ministério do Meio Ambiente, a torcida de entidades ligadas ao setor é para que Lula escolha Marina Silva, e não Izabella Teixeira, para o comando da pasta.

As duas ex-ministras do Meio Ambiente são qualificadas para o cargo, mas Izabella perderia de Marina, segundo algumas pessoas do setor, no quesito simpatia. Alguns, na brincadeira, a apelidaram de “Aloizio Mercadante do Meio Ambiente”, num paralelo com a personalidade considerada difícil do coordenador dos grupos da equipe de transição.

Já se Lula optar por colocar Marina no cargo de autoridade para assuntos climáticos, a torcida é pelo nome do senador aliado Randolfe Rodrigues para o Meio Ambiente. Neste caso, no entanto, há outro problema.

Marina e Randolfe são do mesmo partido, a Rede, e da região Norte. Isso concentraria dois cargos importantes num único partido com pouca representatividade no Congresso. E como os suplentes de ambos são de outras legendas, a Rede também reduziria ainda mais seu tamanho nas casas legislativas.

Lado positivo

A PEC que abre caminho para o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 por mês no ano que vem não ficou do jeito que a área econômica da Transição esperava, mas nem tudo ficou perdido.

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O time tenta focar no que virá pela frente. E comemora a possibilidade incluída no texto de uma mudança na regra do teto por meio de projeto de lei complementar: isso abre caminho para mudanças no teto e a criação de um novo arcabouço fiscal sem a necessidade de fazer uma emenda constitucional.

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