Credit Suisse levanta US$ 4,3 bi com oferta, mas há novos desafios, diz JPMorgan

Analista do banco americano destaca que investidores ainda aguardam desfecho de venda de unidade de produtos securitizados, entre outras questões

Credit Suisse
Por Macarena Munoz Montijano
09 de Dezembro, 2022 | 01:02 PM

Bloomberg — O Credit Suisse venceu o primeiro obstáculo em sua rota para a reestruturação com um bem-sucedido aumento de capital, mas muitos obstáculos ainda estão por vir, disseram analistas do JPMorgan Chase (JPM).

O banco suíço conseguiu levantar 4 bilhões de francos (cerca de US$ 4,3 bilhões) com uma oferta de ações destinada a financiar uma ampla reorganização das operações e amenizar as preocupações de investidores após bilhões em perdas nos últimos dois anos.

Kian Abouhossein, do JPMorgan, disse que a venda de ações foi um fato positivo na redução do custo de capital do banco e “acalmou” os mercados de crédito.

Mas, para Abouhossein, a ação do Credit Suisse agora se encaixa na categoria “ver para crer”. E futuros ganhos dependem de o banco “oferecer clareza” sobre a venda de sua unidade de produtos securitizados e detalhes sobre a estrutura da unidade Credit Suisse First Boston, disse em nota a clientes.

PUBLICIDADE

O Credit Suisse, que busca se recuperar de anos de escândalos e decisões equivocadas, com perdas de bilhões, tem muito mais a fazer para reconquistar investidores após a recente fuga de clientes e saídas de recursos. De fato, embora a conclusão da oferta proporcione algum alívio para os papéis em meio à volatilidade nas últimas semanas, o preço da ação ainda acumula queda de 64% em 2022.

O preço que investidores pagam pelo seguro contra o não pagamento da dívida do banco caiu quase 8 pontos-base nesta sexta-feira (9), de acordo com dados compilados pela Bloomberg News. Esse custo se multiplicou por sete neste ano e se mantém acima de 400 pontos-base.

Para Abouhossein, outra prioridade seria uma confirmação clara de que as saídas de ativos da unidade de gestão de patrimônio - wealth management - foram estancadas, e a confiança, restaurada.

O presidente do conselho do Credit Suisse, Axel Lehmann, disse na semana passada que o banco freou o êxodo, mas Abouhossein afirmou que “precisamos de evidências” para mostrar ser possível uma recuperação do negócio em 2023.

O JPMorgan espera 200 milhões de francos suíços em lucro “limpo” antes dos impostos neste ano para a divisão de gestão de patrimônio, em comparação com uma média de 1,9 bilhão de francos entre 2019 e 2021.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

PUBLICIDADE

Capitalização do Credit Suisse tem adesão acima de 90%, segundo fontes

Hora da virada? Credit Suisse vê melhora da liquidez e ações sobem até 10%

©2022 Bloomberg L.P.