Credit Suisse levanta US$ 4,3 bi com oferta, mas há novos desafios, diz JPMorgan

Analista do banco americano destaca que investidores ainda aguardam desfecho de venda de unidade de produtos securitizados, entre outras questões

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Bloomberg — O Credit Suisse venceu o primeiro obstáculo em sua rota para a reestruturação com um bem-sucedido aumento de capital, mas muitos obstáculos ainda estão por vir, disseram analistas do JPMorgan Chase (JPM).

O banco suíço conseguiu levantar 4 bilhões de francos (cerca de US$ 4,3 bilhões) com uma oferta de ações destinada a financiar uma ampla reorganização das operações e amenizar as preocupações de investidores após bilhões em perdas nos últimos dois anos.

Kian Abouhossein, do JPMorgan, disse que a venda de ações foi um fato positivo na redução do custo de capital do banco e “acalmou” os mercados de crédito.

Mas, para Abouhossein, a ação do Credit Suisse agora se encaixa na categoria “ver para crer”. E futuros ganhos dependem de o banco “oferecer clareza” sobre a venda de sua unidade de produtos securitizados e detalhes sobre a estrutura da unidade Credit Suisse First Boston, disse em nota a clientes.

O Credit Suisse, que busca se recuperar de anos de escândalos e decisões equivocadas, com perdas de bilhões, tem muito mais a fazer para reconquistar investidores após a recente fuga de clientes e saídas de recursos. De fato, embora a conclusão da oferta proporcione algum alívio para os papéis em meio à volatilidade nas últimas semanas, o preço da ação ainda acumula queda de 64% em 2022.

O preço que investidores pagam pelo seguro contra o não pagamento da dívida do banco caiu quase 8 pontos-base nesta sexta-feira (9), de acordo com dados compilados pela Bloomberg News. Esse custo se multiplicou por sete neste ano e se mantém acima de 400 pontos-base.

Para Abouhossein, outra prioridade seria uma confirmação clara de que as saídas de ativos da unidade de gestão de patrimônio - wealth management - foram estancadas, e a confiança, restaurada.

O presidente do conselho do Credit Suisse, Axel Lehmann, disse na semana passada que o banco freou o êxodo, mas Abouhossein afirmou que “precisamos de evidências” para mostrar ser possível uma recuperação do negócio em 2023.

O JPMorgan espera 200 milhões de francos suíços em lucro “limpo” antes dos impostos neste ano para a divisão de gestão de patrimônio, em comparação com uma média de 1,9 bilhão de francos entre 2019 e 2021.

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