Bolsa de novo no radar: gestores globais preveem ganhos de 2 dígitos em 2023

Pesquisa da Bloomberg News com 134 gestores aponta também principais riscos e os setores que mais atraem a preferência para alocação em mercados no próximo ano

Trading floor da Bolsa de Nova York: gestores retomam otimismo para retorno com ações em 2023 (Michael Nagle/Bloomberg)
Por Sagarika Jaisinghani - Jan-Patrick Barnert e Jeanny Yu
09 de Dezembro, 2022 | 10:06 AM

Bloomberg — Alguns dos maiores investidores globais preveem que os mercados acionários terão ganhos de dois dígitos baixos no próximo ano, o que traria alívio depois das piores perdas desde 2008.

Em meio ao otimismo recente de que a inflação atingiu um pico - e que o Federal Reserve pode começar a mudar de tom sobre a condução da política monetária em breve -, 71% dos entrevistados em uma pesquisa da Bloomberg News disseram esperar valorização dos índices acionários em 2023, contra 19% que preveem quedas. Para os que projetam ganhos, a resposta, em média, foi de 10% de retorno.

A pesquisa informal com 134 gestores de fundos incorpora as opiniões de grandes investidores, entre eles BlackRock, Goldman Sachs Asset Management e Amundi. O levantamento fornece uma visão sobre os grandes temas e obstáculos esperados em 2023, depois que a inflação, a guerra na Ucrânia e o aperto monetário dos bancos centrais reduziram os retornos das ações neste ano.

No entanto, o mercado acionário pode ser descarrilado novamente por uma inflação teimosamente alta ou uma recessão profunda. Essas são as principais preocupações para 2023, citadas por 48% e 45% dos participantes, respectivamente. Os índices acionários também podem atingir novas mínimas no início do ano que vem, e muitos acreditam que os ganhos devem vir no segundo semestre.

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“Embora possamos enfrentar recessão e lucros em queda, já descontamos parte disso em 2022”, disse Pia Haak, diretora de investimentos do Swedbank Robur, maior gestora de ativos da Suécia. “Teremos melhor visibilidade em 2023 e esperamos que isso ajude os mercados.”

Mesmo após o recente rali, o índice MSCI All-Country World está a caminho de seu pior ano desde a crise financeira global em 2008. O S&P 500 deve encerrar 2022 com desempenho igualmente fraco.

A crise energética na Europa e os sinais de crescimento econômico mais lento limitam a valorização do mercado acionário, mesmo quando a China começa a aliviar parte das duras restrições para combater a Covid. Além disso, há temores crescentes de que a desaceleração já em curso em muitas economias vai afetar os lucros.

A pesquisa da Bloomberg News foi conduzida por repórteres que consultaram gestores de fundos e estrategistas de grandes empresas de investimento entre 29 de novembro e 7 de dezembro.

Techs estão de volta

Hideyuki Ishiguro, estrategista sênior da Nomura Asset Management, espera que 2023 seja “exatamente o oposto deste ano”. Parte disso se deve aos “valuations”, que caíram e deixaram o índice MSCI ACWI perto do patamar de preço/lucro médio (PL) de longo prazo de 12 meses.

Quando se trata de setores específicos, os entrevistados geralmente preferem empresas que podem garantir lucros durante uma crise econômica. Ações de pagadoras de dividendos e dos setores de seguros, saúde e com baixa volatilidade estavam entre as escolhas, enquanto alguns preferem bancos e mercados emergentes, entre eles Índia, Indonésia e Vietnã.

Depois de sofrer neste ano com a alta das taxas de juros, as ações de tecnologia dos EUA também podem novamente atrair investidores, de acordo com a pesquisa. Mais da metade dos entrevistados disse que faria compras seletivas no setor.

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Com os valuations ainda relativamente baixos, apesar do rali recente, e expectativa de queda dos rendimentos dos títulos no ano que vem, gigantes da tecnologia como Apple (AAPL), Amazon (AMZN) e Alphabet, controladora do Google (GOOG), devem se beneficiar, disseram os gestores.

Alguns estão otimistas com a China, principalmente com a flexibilização da política de covid zero. Uma queda no início deste ano colocou os valuations de empresas chinesas bem abaixo da média de 20 anos, tornando-as mais atraentes em comparação com companhias americanas ou europeias.

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