Copom mantém Selic em 13,75% e terá atenção com rumo fiscal

De acordo com comunicado do Banco Central, a conjuntura fiscal incerta “requer serenidade na avaliação dos riscos”

Por

Bloomberg Línea — O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter nesta quarta-feira (7) a taxa de juros em 13,75% ao ano pela terceira reunião consecutiva, conforme esperado pelo mercado financeiro. A reunião foi a última de 2022 e a primeira após a definição das eleições.

Antes da pausa no aumento dos juros, feita pela primeira vez em agosto, a taxa básica havia sido elevada por 12 encontros seguidos do Copom, passando de 2% ao ano para 13,75% – este, o maior patamar desde o fim de 2016.

Segundo o comunicado, conjuntura incerta no âmbito fiscal “requer serenidade na avaliação dos riscos”. “O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva.”

Para o grupo, a decisão de hoje (7) “reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024″.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”

O comitê, que aprovou a manutenção dos juros por unanimidade, voltou a dizer que “os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Mercado aguarda próximos passos

A trajetória de inflação tem preocupado o mercado, que já esperava a terceira manutenção de juros por parte do Copom nesta quarta. Somado a isso, os sinais de maiores gastos do próximo governo, que tendem a pressionar os preços, também têm chamado a atenção no âmbito doméstico.

No mês passado, o president do BC, Roberto Campos Neto, disse em evento organizado pela Bloomberg News que faria “o que for preciso” para trazer a inflação para a meta. Ele alertou sobre os riscos para a atividade e o emprego decorrentes da “incerteza” sobre como os gastos sociais serão financiados.

“Os mercados financeiros não têm paciência e precisam ver uma trajetória fiscal e de dívida sustentável”, acrescentou ele.

Os analistas também estarão atentos às projeções de inflação do Banco Central. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial do país, acumula alta de 6,17% no ano até novembro, abaixo do pico de mais de 12% apenas seis meses antes. Ainda assim, os custos de transporte e alimentação aumentaram em relação ao mês anterior, à medida que o impacto dos recentes cortes de impostos se dissipa.

Leia também

Unicórnio Loft corta 12% da equipe em terceira onda de demissões no ano

Vale terá sócio estratégico para área de metais básicos, diz CEO