Vale terá sócio estratégico para área de metais básicos, diz CEO

Em entrevista à Bloomberg News, Eduardo Bartolomeo diz que spin-off será realizado no primeiro semestre de 2023 e que unidade pode valer até US$ 40 bilhões

Empresa estima investimentos necessários de US$ 20 bilhões em sua unidade de metais básicos
Por Mariana Durao e Joe Deaux
07 de Dezembro, 2022 | 11:01 AM

Bloomberg — Após vários anos de deliberações, a Vale (VALE3) finalmente traça um caminho para liberar valor de seus negócios de níquel e cobre, diante do aumento da demanda pelos metais para baterias de carros elétricos.

A mineradora vai separar os ativos de metais básicos de suas operações de minério de ferro e revelar um parceiro estratégico no primeiro semestre do ano que vem, disseram em entrevista à Bloomberg News o presidente da empresa, Eduardo Bartolomeo, e o diretor financeiro, Gustavo Pimenta.

As minas de cobre e níquel serão colocadas em uma nova estrutura jurídica, com governança independente e um conselho que incluirá especialistas em mineração subterrânea profunda e veículos elétricos. Uma oferta pública inicial (IPO) está fora de questão por enquanto.

Separar os dois lados do negócio é fundamental para acessar o capital “competitivo” necessário para cerca de US$ 20 bilhões em investimentos em metais básicos, disse Bartolomeo na entrevista em Nova York. Isso, mais a venda de até 10% da nova entidade para um parceiro, vai liberar valor de um negócio que a Vale estima em até US$ 40 bilhões.

PUBLICIDADE

“Por que um parceiro? Porque o parceiro torna o ‘ring-fencing’ real. Ele ancora. Isso nos permite trazer pessoas de alto nível para a mesa”, disse Bartolomeo.

A Vale é negociada a 6,5 vezes o lucro estimado, cerca de metade da média dos grandes pares de metais básicos, mostram dados compilados pela Bloomberg News. A diferença de múltiplo é parcialmente explicada pelo fato de que a Vale ainda obtém a maior parte de sua receita de minas de minério de ferro no Brasil, que foram atingidas por dois desastres de barragens de rejeitos nos últimos anos.

Um potencial IPO é algo a ser ponderado no futuro, dependendo das condições do mercado e de quão bem a Vale execute os planos atuais, disse Bartolomeo.

Planejamento

Durante anos, a Vale cogitou separar seus negócios de minério de ferro brasileiro dos ativos de níquel e cobre, muitos dos quais foram adquiridos por meio da compra de US$ 17 bilhões da canadense Inco em 2006. Essas deliberações ganharam força à medida que a demanda por metais usados na fiação e em baterias de veículos elétricos acelerou.

“Não há negócios nesta escala combinando cobre e níquel no mundo hoje”, disse Pimenta.

Os ativos de níquel e cobre no Canadá, no Brasil e na Indonésia responderam por quase 15% da receita da Vale no ano passado. Depois de passar por uma série de contratempos operacionais nos últimos anos que levaram a cortes na estimativa, a Vale vem trabalhando para estabilizar sua produção de metais básicos.

A gigante da mineração brasileira pretende ser uma importante fornecedora para o mercado de veículos elétricos. Ela assinou um contrato de níquel para baterias da Tesla (TSLA) e tem a Ford como parceira no desenvolvimento de níquel na Indonésia.

PUBLICIDADE

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Vale: unidade de níquel e cobre na mira de investidores de Arábia Saudita e Japão

Rio Tinto, concorrente da Vale, vê commodities ameaçadas por desaceleração