Fábricas chinesas enfrentam falta de trabalhadores por causa da Covid Zero

Funcionários foram enviados para suas cidades natais durante os lockdowns, e agora as empresas enfrentam dificuldades para retomar a produção

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Bloomberg — Antes de outubro, a fábrica de roupas do empresário chinês Qiang, no distrito têxtil de Guangzhou, tinha cerca de 30 trabalhadores. Após mais de um mês de bloqueios contra a covid, todos eles foram embora e a produção foi interrompida.

“Os que foram para casa estão esperando para ver quando voltar”, disse Qiang, que pediu para não dar seu nome completo por medo de represálias. “Preciso reiniciar a produção assim que receber sinal verde.”

Mesmo com a lenta flexibilização da política de Covid Zero na China nas principais cidades — em parte em resposta a protestos — uma série de restrições continua a prejudicar fábricas como a de Qiang. Muitas delas permanecem em áreas de alto risco, sujeitas a restrições mais direcionadas, mas ainda semelhantes a lockdowns.

As cadeias de suprimentos continuam sobrecarregadas, com empresas maiores lutando para manter as linhas de produção funcionando. Um aumento recente de infecções também levantou dúvidas sobre a eficácia do chamado sistema de circuito fechado, o sistema que isola os trabalhadores em bolhas.

Diminuir o impacto nas fábricas é crucial para reavivar a economia chinesa, que deverá crescer este ano no ritmo mais lento desde a década de 70, excluindo a queda no início da pandemia. Vários economistas proeminentes ligados ao governo recentemente pediram as autoridades a voltarem a priorizar a expansão.

No final de outubro, Haizhu, o distrito têxtil de Guangzhou, foi fechado por causa de um surto de covid. Trabalhadores foram confinados em cortiços apertados por semanas. Houve confrontos com autoridades mesmo antes das manifestações mais amplas no final de novembro.

Para conter o descontentamento e reduzir os casos, o governo pediu aos trabalhadores migrantes de Guangzhou que retornassem às suas cidades natais, causando um êxodo em massa. Em 30 de novembro, Guangzhou encerrou os confinamentos na maior parte da cidade, e adotou restrições mais direcionadas.

“A flexibilização foi tão abrupta que todos estão em um dilema agora”, disse Qiang, que estima que mais de 80% dos trabalhadores de Haizhu foram embora.

Funcionários de saúde pública com uniformes de segurança completo ainda controlam os pontos de entrada no bairro de Lujiang, onde fica sua fábrica, e o maior mercado de tecidos da região nas proximidades ainda está fechado por tempo indeterminado, disse ele. “Nada voltou ao normal ainda.”

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