Empresa chinesa de carro elétrico investida por Buffett busca lítio no Chile

BYD faz prospeção em diferentes cantos do mundo em busca de matéria-prima para poder aumentar a produção como parte da tendência global de eletrificação

Salar do Atacama, onde está uma das principais reservas de lítio do mundo
Por James Attwood, Yvonne Yue Li e Danny Lee
06 de Dezembro, 2022 | 04:49 PM

Bloomberg — A gigante chinesa de carros elétricos BYD, que tem Warren Buffett como um dos principais acionistas, está em busca de projetos para a exploração de lítio na América Latina e na África depois que os preços do principal insumo para a produção de baterias subiram para níveis “irracionais” e “não saudáveis”.

A BYD vasculha o mundo em busca de suprimentos de lítio, disse a vice-presidente executiva Stella Li em entrevista nesta terça-feira (6).

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A Berkshire Hathaway (BRK/A), holding de investimentos de de Warren Buffett, detém 16% das ações H da BYD negociadas na Bolsa de Hong Kong, que caíram 25% neste ano.

No Chile, a BYD está em negociações para entrar em um projeto de mineração e está solicitando licenças para processar a matéria-prima em cátodo para baterias. A montadora também busca investir em projetos africanos de lítio, embora tenha apontado deficiências de infraestrutura por lá.

“Estamos procurando uma oportunidade globalmente”, disse Li diretamente de Santiago, onde inaugurará a primeira concessionária de veículos elétricos do Chile.

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“Estamos de olho na África, no Chile e também na Argentina. Gostaríamos de participar [de projetos] em todos os países que possuem reservas de lítio com vistas ao futuro.”

Enquanto os fabricantes de carros elétricos e baterias recarregáveis estão colhendo os benefícios da demanda crescente na transição a partir de combustíveis fósseis, eles também estão enfrentando mercados em que faltam matérias-primas como lítio e cobre. Em uma tentativa de garantir suprimentos futuros, as companhias começaram a financiar projetos de mineração e processamento.

O lítio disparou para preços recordes depois que a demanda superou a oferta, com os valores na China mais do que dobrando neste ano. Mas Li projeta que o mercado volte a ter superávit no próximo ano, à medida que novas minas entrem em operação, com os preços “se estabilizando”.

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Houve dinheiro especulativo entrando no mercado do lítio nos últimos dois anos e os preços atuais “não são saudáveis e vão matar a indústria” se continuarem assim, disse Li, que chefia o planejamento estratégico da BYD em Los Angeles. A entrevista em escritório da Bloomberg News em Santiago.

No Chile, maior produtor de cobre e segundo maior fornecedor de lítio do mundo, a BYD vende ônibus e táxis elétricos e está abrindo uma concessionária voltada para o consumidor de alto padrão. Mas a gigante chinesa é conhecida por sua integração vertical e quer construir ali uma cadeia de suprimentos.

A BYD pretende fornecer tecnologia para as minas chilenas extraírem lítio diretamente e garantirá o fornecimento por meio de acordos de compra com produtores, disse a executiva. A partir daí, a empresa chinesa usará o mineral para produzir cátodos que servirão para baterias de veículos elétricos, incluindo o modelo Blade, embora não planeje fabricar células de bateria no Chile.

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Também está em negociações com possíveis parceiros — além dos produtores SQM e Albemarle — para um projeto de mineração chileno e apresentou solicitações à agência estatal de desenvolvimento Corfo para fabricar materiais personalizados para produzir cátodo no Chile, de acordo com Li.

A BYD está mais do que disposta a negociar com a estatal de lítio que o governo do Chile está criando para fazer parceria com grupos privados. Em janeiro, a empresa chinesa recebeu um contrato de lítio do governo anterior, mas esse processo foi rescindido em meio à oposição da comunidade.

A empresa está expandindo sua presença global em um momento em que governos de todo o mundo estão tentando desenvolver cadeias de fornecimento de veículos elétricos locais e regionais - em parte em uma tentativa de reduzir sua dependência da China.

O programa de estímulo verde do presidente Joe Biden, por exemplo, visa criar uma preferência pelo lítio produzido nos Estados Unidos ou em parceiros de livre comércio como o Chile.

- Com a colaboração de Eduardo Thomson e Craig Trudell.

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