Bloomberg — A Legacy Capital montou recentemente uma pequena posição comprada (aposta na alta) em dólar contra o real em meio à expectativa de deterioração do quadro fiscal sob o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O preço atual do câmbio não reflete a piora fiscal que será contratada”, disse Gustavo Pessoa, sócio-fundador da Legacy, que tem mais de R$ 20 bilhões sob gestão.
A posição “depende mais da dinâmica do que do nível” da moeda, segundo Pessoa. “Enquanto houver uma piora na dinâmica fiscal e parafiscal, devemos seguir com apostas negativas.”
O fundo mantém posição vendida (aposta na queda) no mercado acionário doméstico, “concentrada em nomes ligados à economia local, e com indicadores de endividamento mais elevado”, disse a gestora, em sua mais recente carta aos cotistas. O “short” (aposta na queda) em bolsa é a principal posição em Brasil do fundo.
As indicações do governo eleito são de que o próximo ministro da Fazenda terá um perfil político e será alinhado com políticas de aumento de gastos, de impostos, expansão de crédito direcionado e aumento da intervenção estatal, segundo a Legacy.
“A negociação dos valores extrateto na ‘PEC da Transição’ é apenas o primeiro elemento de uma agenda de política econômica que deverá incluir, além da expansão fiscal, o retorno da utilização de bancos públicos para impulsionamento de crédito, e um novo marco fiscal”, disse a gestora. “Nesse quadro, é provável que as expectativas de inflação dos próximos anos entrem em trajetória de elevação.”
A gestora vê elementos que indicam que o crescimento da economia brasileira deve desacelerar para perto de zero em 2023. As projeções da casa também apontam para inflação de 5,7% em 2023 e de 5,2% em 2024.
O fundo Legacy Capital FIC recuou 0,26% em novembro, ante um ganho de 1,02% do CDI, segundo dados compilados pela Bloomberg News. O fundo possui uma posição vendida menor em bolsa internacional e está comprado em petróleo.
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