Onda de demissões se espalha na indústria cripto após quebra da FTX

Perda de US$ 2 tri no valor de mercado dos ativos digitais afastou investidores de varejo e levou a uma queda drástica nos volumes de exchanges

Depois de um ano de hacks, colapsos e falências, o pessimismo agora toma conta do setor
Por Philip Lagerkranser - Joanna Ossinger e Suvashree Ghosh
05 de Dezembro, 2022 | 11:37 AM

Bloomberg — Os ativos digitais já enfrentam uma das piores crises do setor há um ano, mas, a julgar por novos anúncios de demissões, os executivos do universo cripto parecem se preparar para mais turbulência à frente.

As exchanges de criptomoedas Bybit e Swyftx disseram nos últimos dois dias que vão demitir 30% e 35% de seus funcionários, respectivamente. Os anúncios foram feitos menos de uma semana depois que a rival Kraken revelou cortes semelhantes.

Com os reflexos da implosão da FTX de Sam Bankman-Fried, o CEO da Bybit, Ben Zhou, e seu colega da Swyftx, Alex Harper, deram avaliações francas sobre os desafios enfrentados pelo setor.

Em uma mensagem aos funcionários vista pela Bloomberg News, Harper citou o potencial para mais eventos imprevisíveis e disse que os volumes de negociação podem sofrer “uma queda potencialmente acentuada” no primeiro semestre de 2023. Zhou sinalizou a possibilidade de que “estejamos entrando em um inverno ainda mais frio do que esperávamos, tanto do ponto de vista do setor quanto do mercado”.

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As exchanges estão no epicentro da crise do setor dado que os volumes de negociação caíram drasticamente, depois que uma queda de US$ 2 trilhões no valor de mercado dos ativos digitais afastou investidores de varejo.

Além disso, dúvidas sobre se a FTX teria utilizado inapropriadamente fundos de clientes para sustentar a Alameda Research, a casa de análise de Bankman-Fried, levaram a uma perda de fé nesses mercados.

Depois de um ano de hacks, colapsos e falências, o pessimismo agora toma conta do setor. Uma queda de aproximadamente 70% no preço do bitcoin para US$ 5.000 no próximo ano está entre os cenários “surpresa” que os mercados podem estar “subestimando”, disse o chefe global de pesquisa do Standard Chartered, Eric Robertsen, em nota.

Isso deixaria a moeda digital cerca de 90% abaixo do pico de quase US$ 69.000 alcançado em novembro de 2021.

Apesar de toda a preocupação entre os executivos de ativos digitais, talvez a previsão mais sombria para o setor venha de um dos maiores nomes das finanças tradicionais. O CEO da gestora BlackRock (BLK), Larry Fink, um cético das criptomoedas de longa data, disse na semana passada que espera que a maioria das empresas cripto não sobreviva ao caos desencadeado pela quebra da FTX.

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