Sentindo esgotado no trabalho? Psicólogos afirmam que a culpa não é sua

Seis elementos contribuem para o esgotamento se administrados de forma inadequada: carga, controle, recompensas, comunidade, justiça e valores

Maslach e Leiter identificaram seis elementos que contribuem para o esgotamento: carga de trabalho, controle, recompensas, comunidade, justiça e valores
Por Jo Constantz
04 de Dezembro, 2022 | 09:08 AM

Bloomberg — Um livro recém-publicado tem uma mensagem tranquilizadora para aqueles que sofrem de esgotamento: não é sua culpa.

Em “The Burnout Challenge: Managing People’s Relationships with Their Jobs”, os psicólogos Christina Maslach e Michael Leiter esclarecem por que os trabalhadores têm se sentido tão cansados. Resumindo: “O burnout é uma questão de gestão”, disse Leiter.

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Desde que Maslach desenvolveu seu primeiro estudo validado cientificamente em 1981 e sua primeira publicação com Leiter sobre o assunto foi divulgada em 1997, a conscientização sobre tema aumentou dramaticamente.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o burnout como um “fenômeno ocupacional”. Durante a pandemia, o esgotamento disparou não apenas entre profissionais de saúde e trabalhadores da linha de frente, mas também entre funcionários de empresas que repentinamente foram “presos” em casa.

Agora, o conceito é tão onipresente que significa “qualquer coisa com a qual você sinta que não pode mais lidar ou não quer mais lidar”, disse Maslach.

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Os autores dizem que a razão pela qual culpamos os indivíduos que sofrem de esgotamento em vez de seus empregadores pode se resumir a um simples conceito de psicologia que diz que os humanos estão predispostos a atribuir problemas às ações ou personalidade de uma pessoa - e não ao seu ambiente.

Para ajudar a reorientar a conversa, Maslach e Leiter identificaram seis elementos do trabalho que contribuem para o esgotamento se administrados de forma inadequada: carga de trabalho, controle, recompensas, comunidade, justiça e valores. Muitos problemas no local de trabalho são como “pedrinhas no sapato” – persistentes, mas solucionáveis, disse Maslach.

Frequentemente, as conversas com executivos sobre como melhorar os locais de trabalho fracassam por razões econômicas ou porque os líderes responsáveis consideram que isso exigiria mudanças monumentais, disse Maslach. “Geralmente é: ‘Bem, não podemos pagar. Teremos que fazer mais com menos’”, disse ela.

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Os executivos também têm a ideia profundamente arraigada de que o estresse crônico no local de trabalho é inevitável, de que é necessário buscar “mais com menos” para atingir as metas financeiras. Mas a pesquisa não revela apenas isso: os estressores crônicos têm impactos negativos graves no bem-estar e na saúde, levando a bilhões de dólares em custos com saúde e perda de produtividade em todos os setores, disse Maslach.

Por fim, Maslach e Leiter estão esperançosos. O mundo parece muito mais receptivo a suas pesquisas agora, depois que a pandemia destruiu tantas suposições sobre como o trabalho acontece – cinco dias no escritório, por exemplo.

Para enfatizar que os empregos devem estar de acordo com as necessidades individuais e não o contrário, Maslach e Leiter fazem uma comparação com os canários que os mineiros de carvão costumavam usar para identificar o monóxido de carbono e outros gases perigosos.

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“Devemos tentar consertar o canário para torná-lo mais forte e resistente – um pássaro velho e resistente que poderia enfrentar quaisquer condições que enfrentasse?” pergunta a introdução do livro. “Ou devemos consertar a mina, limpando a fumaça tóxica e fazendo o que for necessário para torná-la segura para os canários (e mineiros) fazerem seu trabalho?”

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