Bloomberg — Aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já o alertaram para os contras de escolher Fernando Haddad para o comando do Ministério da Fazenda. Haddad, disseram interlocutores a Lula, tem pouca habilidade política para negociar pautas espinhosas, além de enfrentar resistência no mercado financeiro.
Mesmo assim, aliados relatam que o presidente eleito continua inclinado a optar pelo ex-prefeito de São Paulo. Lula já teria precificado qualquer reação negativa a Haddad, segundo um conselheiro próximo.
Para o comando do Ministério do Planejamento, Lula estuda os nomes. O ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida e André Lara Resende, ambos “pais” do Plano Real - e ligados ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin - ainda estão sobre a mesa e com chances reais.
Arida, por exemplo, poderia aceitar a ideia se tivesse pela frente um projeto de reestruturação orçamentária, com busca de maior eficiência do gasto público.
Nos últimos dias, também foi sugerido ao presidente que o ministro do Planejamento tivesse um perfil mais técnico e que seria uma boa ideia ter uma mulher. Entre os nomes que circulam estão o da ex-secretária de Orçamento Esther Dweck.
A demora
Lula ainda quer equacionar o xadrez de alguns ministérios antes de anunciar sua equipe econômica, segundo aliados. O presidente-eleito gostaria de ao menos resolver Fazenda, Planejamento e articulação política juntos. Essa seria uma forma de amarrar a frente que terá que trabalhar unida para aprovar sua agenda no Congresso.
Na cabeça do presidente está a preocupação em montar um time azeitado no Palácio do Planalto, que lhe permita fazer uma articulação não só entre partidos aliados mas também com o Congresso. Um dos mais cotados para a Casa Civil é o ex-governador da Bahia Rui Costa.
A presidente do PT Gleisi Hoffmann deve ficar fora do Planalto e possivelmente da equipe ministerial uma vez que Lula pode pedir a ela que continue à frente do partido para o início do novo governo.
Estratégia motivacional
Lula tem brincado com interlocutores que também não pode anunciar já sua equipe ministerial porque, se o fizer logo, acaba com a transição. Há muita gente atuando de maneira voluntária nos grupos de trabalho e que espera um lugar no novo governo. O entra-e-sai no CCBB, em Brasília, onde o time de transição se reúne, é intenso.
Presença feminina
Lula tem uma preocupação de ter mulheres em seu governo. Ao menos três estão na linha de frente para ocupar pastas na Esplanada: Simone Tebet, Marina Silva e Izolda Cela. Tebet, cujo apoio a Lula foi crucial no segundo turno das eleições, deve levar o Desenvolvimento Social. A ex-governadora do Ceará Izolda Cela é forte candidata à Educação. Já a ex-ministra do Meio Ambiente terá o papel que quiser -- mas poderia virar assessora especial de Lula para assuntos climáticos.
A também ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira tem tentado costurar uma diretoria do BNDES para investimentos verdes. Teixeira aproveitou a primeira coletiva do grupo de trabalho de transição para meio ambiente para criticar o desmonte do BNDES no governo Jair Bolsonaro (PL) e defender seu fortalecimento.
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