Os dividendos voltaram? O que esperar da Itaúsa após o novo enxugamento da dívida

Holding do Itaú-Unibanco antecipa resgate de debêntures no valor de R$ 1,9 bilhão, seguindo estratégia de desalavancagem para melhorar dividendo

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Bloomberg Línea — A Itaúsa (ITSA4) vai desembolsar R$ 1,9 bilhão para realizar um resgate antecipado de debêntures (títulos privados) e fará o pagamento com recursos provenientes das últimas transações de venda de ações da XP (XP). A holding do banco Itaú-Unibanco busca acelerar sua desalavancagem para voltar a pagar mais dividendos aos investidores.

Outra decisão da companhia é pagar JCP (juros sobre capital próprio) no valor de R$ 0,1855 por ação (valor líquido de R$ 0,157675), com pagamento em duas parcelas, para quem tiver o papel na carteira até o fim do pregão do próximo dia 8 de dezembro.

Será pago R$ 0,141 por ação até o próximo dia 28 de abril e R$ 0,0445 até 29 de dezembro de 2023. Os valores líquidos dessas parcelas são de R$ 0,11985 e R$ R$ 0,037825, respectivamente.

O conselho de administração aprovou também, ontem (1º), a realização do resgate antecipado das debêntures no próximo dia 9, informou a empresa em comunicado, na manhã desta sexta-feira (2).

“O referido resgate faz parte de sua decisão estratégica de desalavancagem, com utilização dos recursos provenientes das últimas transações de venda de ações da XP”, reforçou o diretor de relações com investidores da Itaúsa, Alfredo Setubal.

Nas apresentações dos resultados financeiros dos últimos trimestres, analistas têm questionado, com frequência, o tempo que levará para a Itaúsa retomar sua fama de boa pagadora de dividendos. Nas entrevistas mais recentes à imprensa, nas últimas semanas, o comando da Itaúsa tem sido questionado sobre quando voltará a aumentar o montade de dividendos pagos.

Recuperação do dividendo

Em 10 de novembro, a Itaúsa informou ter vendido R$ 1,5 bilhão em papéis da XP com o objetivo de reduzir seu endividamento, projetando impacto positivo de R$ 680 milhões em seu resultado financeiro do quarto trimestre.

O movimento tem sido avaliado positivamente pelo mercado. A agência de classificação de risco Fitch considerou que a estratégia da Itaúsa de desinvestir toda sua participação na XP resultará em um “mix de risco mais equilibrado no médio-longo prazo”.

Neste ano, a Itaúsa já vendeu 41 milhões de ações da XP. Ainda sobram 35,4 milhões (6,39% do capital total e 2,27% do capital votante).

Em agosto, o CEO da Itaúsa, Alfredo Setubal, prometeu que a venda dessa fatia poderia ser uma alternativa para diminuir o seu nível de endividamento.

A holding já chegou a distribuir até 90% do seu lucro aos acionistas. O chamado payout (percentual do lucro distribuído) caiu para o mínimo de 25%, percentual fixado em seu estatuto. Entre os motivos para essa redução, o CEO listou a alta da taxa Selic e da inflação, mas sinalizou um aumento do payout para o patamar histórico (em torno de 40% e 50%) a partir do crescimento dos dividendos das empresas do portfólio.

A holding tem, além do Itaú-Unibanco, empresas não-financeiras como Alpargatas (ALPA4), Dexco (DXCO3), Copa Energia, Aegea e NTS. Neste ano, a Itaúsa também adquiriu, em conjunto com o Grupo Votorantim, a participação detida pelo Grupo Andrade Gutierrez na CCR (CCOR3), companhia de concessões públicas ligadas à mobilidade (rodovias, portos e aeroportos).

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