Bloomberg — Quedas acentuadas aguardam as ações dos Estados Unidos no primeiro semestre de 2023, em meio a uma recessão moderada e novos aumentos nas taxas do Federal Reserve (Fed), dizem os estrategistas do JPMorgan Chase (JPM).
O S&P 500 provavelmente testará novamente as mínimas no primeiro semestre de 2023, escreveram em nota nesta quinta-feira (1º), implicando queda de cerca de 12% em relação aos níveis atuais.
A previsão se soma aos alertas de estrategistas do Goldman Sachs (GS) e do Deutsche Bank feitas nesta semana de que as ações americanas terão uma jornada de muita volatilidade no próximo ano.
As previsões contrastam com a alta recente dos índices de ações: o Dow Jones entrou em bull market nesta quarta-feira (30), enquanto o S&P 500 acumula ganhos de 14% desde o piso em outubro.
“Não esperamos que o cenário construtivo de crescimento deste ano persista em 2023″, escreveram estrategistas liderados por Dubravko Lakos-Bujas, em nota. “Os fundamentos provavelmente se deteriorarão à medida que as condições financeiras continuarem apertadas e a política monetária se tornar ainda mais restritiva.”
As preocupações sobre até que ponto os bancos centrais irão com a alta de juros para controlar a inflação têm mantido investidores nervosos, e as ações, voláteis. Os mercados ainda estão precificando aumentos de juros do Fed até meados de 2023, embora a falta de uma mensagem contundente do presidente Jerome Powell tenha feito Wall Street se recuperar na quarta-feira (30) com otimismo.
O JPMorgan espera que uma mudança na política hawkish - mais restritiva - do Fed impulsione a recuperação das ações apenas no segundo semestre do ano que vem. A meta de 4.200 pontos para o S&P 500 para o final de 2023 implica uma alta de apenas cerca de 3% daqui em diante.
Deixando de lado os bancos centrais, os estrategistas também veem a pressão aumentando sobre os lucros corporativos devido à redução nos gastos tanto de consumidores quanto das empresas. Os analistas agora esperam que os lucros dos EUA caiam 9% no próximo ano em meio a demanda e poder de preço mais fracos, maior compressão de margem e menor recompra de ações corporativas.
Aqui estão mais algumas visões do JPMorgan para o próximo ano:
- O lucro das empresas deve cair 10% na zona do euro e 4% no Japão;
- A volatilidade deve permanecer acima de sua média de longo prazo, com o VIX em média cerca de 25 em seu cenário-base;
- A relação risco-retorno do S&P 500 em relação a outras regiões permanece pouco atraente;
- Nos mercados desenvolvidos, o Reino Unido ainda é a primeira escolha;
- Observe que a zona do euro “nunca teve um preço tão atraente em relação aos EUA”, apesar de enfrentar uma recessão e riscos geopolíticos;
- Nos EUA, favoreça o barato sobre o caro, ações de valor dentro de setores defensivos e cíclicos e de valor em relação ao crescimento.
— Com colaboração de Thyagaraju Adinarayan.
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