Hora de rali? Para estrategistas do JPMorgan, ações terão novas quedas adiante

Apesar de altas recentes que levaram o Dow Jones ao bull market, bancos de Wall Street alertam para um ano em que as ações devem testar novos patamares de baixa

JPMorgan espera que uma mudança na política hawkish do Fed impulsione a recuperação das ações apenas no segundo semestre do ano que vem
Por Sagarika Jaisinghani
01 de Dezembro, 2022 | 11:16 AM

Bloomberg — Quedas acentuadas aguardam as ações dos Estados Unidos no primeiro semestre de 2023, em meio a uma recessão moderada e novos aumentos nas taxas do Federal Reserve (Fed), dizem os estrategistas do JPMorgan Chase (JPM).

O S&P 500 provavelmente testará novamente as mínimas no primeiro semestre de 2023, escreveram em nota nesta quinta-feira (1º), implicando queda de cerca de 12% em relação aos níveis atuais.

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A previsão se soma aos alertas de estrategistas do Goldman Sachs (GS) e do Deutsche Bank feitas nesta semana de que as ações americanas terão uma jornada de muita volatilidade no próximo ano.

As previsões contrastam com a alta recente dos índices de ações: o Dow Jones entrou em bull market nesta quarta-feira (30), enquanto o S&P 500 acumula ganhos de 14% desde o piso em outubro.

“Não esperamos que o cenário construtivo de crescimento deste ano persista em 2023″, escreveram estrategistas liderados por Dubravko Lakos-Bujas, em nota. “Os fundamentos provavelmente se deteriorarão à medida que as condições financeiras continuarem apertadas e a política monetária se tornar ainda mais restritiva.”

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As preocupações sobre até que ponto os bancos centrais irão com a alta de juros para controlar a inflação têm mantido investidores nervosos, e as ações, voláteis. Os mercados ainda estão precificando aumentos de juros do Fed até meados de 2023, embora a falta de uma mensagem contundente do presidente Jerome Powell tenha feito Wall Street se recuperar na quarta-feira (30) com otimismo.

O JPMorgan espera que uma mudança na política hawkish - mais restritiva - do Fed impulsione a recuperação das ações apenas no segundo semestre do ano que vem. A meta de 4.200 pontos para o S&P 500 para o final de 2023 implica uma alta de apenas cerca de 3% daqui em diante.

Deixando de lado os bancos centrais, os estrategistas também veem a pressão aumentando sobre os lucros corporativos devido à redução nos gastos tanto de consumidores quanto das empresas. Os analistas agora esperam que os lucros dos EUA caiam 9% no próximo ano em meio a demanda e poder de preço mais fracos, maior compressão de margem e menor recompra de ações corporativas.

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Aqui estão mais algumas visões do JPMorgan para o próximo ano:

  • O lucro das empresas deve cair 10% na zona do euro e 4% no Japão;
  • A volatilidade deve permanecer acima de sua média de longo prazo, com o VIX em média cerca de 25 em seu cenário-base;
  • A relação risco-retorno do S&P 500 em relação a outras regiões permanece pouco atraente;
  • Nos mercados desenvolvidos, o Reino Unido ainda é a primeira escolha;
  • Observe que a zona do euro “nunca teve um preço tão atraente em relação aos EUA”, apesar de enfrentar uma recessão e riscos geopolíticos;
  • Nos EUA, favoreça o barato sobre o caro, ações de valor dentro de setores defensivos e cíclicos e de valor em relação ao crescimento.

Com colaboração de Thyagaraju Adinarayan.

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