Por que David Vélez, CEO do Nubank, abriu mão de US$ 423 mi em remuneração

Plano previa o pagamento em ações para o cofundador e principal acionista do banco digital, que diz agora esperar economia de US$ 356 milhões em sete anos

Segundo o Bloomberg Billionaires Index, o empresário colombiano tem um patrimônio líquido de US$ 4,2 bilhões
30 de Novembro, 2022 | 08:56 AM

Bloomberg Línea - Bogotá — O cofundador e CEO do banco digital brasileiro Nubank (NU), o colombiano David Vélez, pediu a rescisão de sua remuneração milionária em ações da empresa.

Em novembro do ano passado, a empresa endossou um programa de remuneração em ações de David Vélez estimado em US$ 423 milhões. O plano de pagamento causou algumas críticas no ano passado por causa do valor, que foi considerado alto no mercado financeiro.

O plano consistia em que David Vélez obtivesse remuneração com a emissão de um número de ações ordinárias de classe A, equivalente a 1% do total de títulos ordinários em circulação, quando o preço fosse igual ou superior a US$ 18,69 por ação, mas menos de US$ 35,30.

Da mesma forma, faria jus a um número de ações ordinárias classe A, igual a 1% do número total de ações ordinárias em circulação, quando o preço fosse igual ou superior a US$ 35,30 por ação.

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O banco digital espera que essa decisão se reflita em uma economia de despesas com base em patrimônio de US$ 356 milhões nos sete anos após a data de rescisão.

A decisão de renunciar à remuneração de ações, segundo a empresa, pode contribuir “para o forte foco da empresa na eficiência associada ao atual ambiente macroeconômico”.

Da mesma forma, o Nubank afirmou que a rescisão da remuneração em ações “evitará a potencial diluição dos acionistas da empresa em valor equivalente a até 2% do total de ações ordinárias em circulação (em base totalmente diluída e convertida ).”

David Vélez ratificou seu compromisso com o Nubank ao destacar que sua atual propriedade de mais de 20% do capital social da empresa alinha seus interesses aos dos demais acionistas no atual ambiente.

O empresário colombiano “informou o Conselho de Administração da empresa e o Comitê de Desenvolvimento de Liderança, Diversidade e Remuneração que rejeita qualquer nova remuneração em 2022 ou 2023, na forma de prêmios de incentivo de ações baseados em desempenho de longo prazo ou de outro tipo” , detalhou o Nubank.

Segundo o Bloomberg Billionaires Index, o empresário colombiano tem um patrimônio líquido de US$ 4,2 bilhões, abaixo dos US$ 11,8 bilhões que alcançou em dezembro de 2021, quando se tornou o homem mais rico da Colômbia.

Filantropia

Em agosto de 2021, Vélez e sua esposa, a empresária peruana Mariel Reyes Milk, assinaram “The Giving Pledge”, um projeto multimilionário - iniciado por Warren Buffett e com a presença de personagens como Bill e Melinda Gates- que se comprometem a doar, durante sua vida, a maior parte de sua riqueza para a filantropia.

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Ainda em agosto Vélez fundou uma iniciativa filantrópica em parceria com sua esposa chamada VelezReyes+ com o objetivo de “dar um novo olhar à filantropia na América Latina para capacitar empreendedores sociais que estão contribuindo para resolver um dos problemas mais complexos da sociedade: a distribuição desigual no acesso a oportunidades”, publicou na época no LinkedIn.

David Vélez, de 40 anos, nasceu em Medellín, na Colômbia, em uma família com raízes empreendedoras. Seu tio Juan Raúl Vélez é cofundador da varejista de moda Cueros Vélez. E os irmãos de Juan Raúl também são fundadores da renomada marca de calçados, roupas e acessórios BOSI.

Desencantado com a burocracia bancária tradicional, que sofria com a dificuldade de abrir uma conta como estrangeiro, o empresário colombiano fundou o Nubank em 2013 junto com a brasileira Cristina Junqueira e o americano Edward Wible.

A empresa começou com um capital de cerca de US$ 2 milhões e agora se tornou uma das empresas de serviços financeiros mais poderosas da América Latina.

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Daniel Salazar Castellanos

Profesional en comunicaciones y periodista con énfasis en economía y finanzas. Becario de EFE en el programa de periodismo de economía de la Universidad Externado, Banco Santander y Universia. Exeditor de Negocios en Revista Dinero y en la Mesa América de la agencia española de noticias EFE.