EUA aliviam sanções à Venezuela com retomada de produção da Chevron

Com a UE prestes a proibir importações de petróleo bruto da Rússia em 5 de dezembro, os EUA estão tentando aliviar uma crise energética

Por

Bloomberg — A administração de Joe Biden concedeu à gigante do petróleo Chevron (CVX) uma licença para retomar a produção de petróleo na Venezuela depois que as sanções dos Estados Unidos interromperam todas as atividades de perfuração há quase três anos.

A recuperação coincide com a retomada das negociações pelos grupos políticos da Venezuela neste sábado (26), com um acordo para trabalharem juntas em um plano de gastos humanitários.

A Chevron recebeu uma licença de seis meses que autoriza a empresa a produzir petróleo ou derivados na Venezuela, de acordo com uma licença geral do Departamento do Tesouro dos EUA.

A perfuradora com sede em San Ramon, Califórnia, também pode retomar as exportações de petróleo bruto que estavam interrompidas desde 2019, quando os EUA aumentaram as sanções contra o produtor da Opep. Em 2020, antes de os Estados Unidos ordenarem a suspensão total das operações de perfuração, a participação da Chevron na produção de petróleo bruto venezuelano era de 15.000 barris por dia.

O alívio das sanções ocorre depois que os mediadores da Noruega anunciaram o reinício das negociações políticas entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição neste fim de semana. O retorno da Venezuela à mesa de negociações foi uma condição fundamental para a flexibilização das restrições à produção de petróleo do país dependente do petróleo.

Com a União Europeia (UE) prestes a proibir as importações de petróleo bruto da Rússia em 5 de dezembro, os EUA estão tentando aliviar uma crise energética que provocou inflação e desacelerou o crescimento em todo o mundo.

A retomada não significa que a produção de petróleo aumentará no curto prazo. Pode levar “meses e anos para começar a manter e reformar campos e equipamentos e mudar qualquer atividade de investimento”, disse o CEO da Chevron, Mike Wirth, em outubro.

Uma vez suspensas as sanções, os projetos da Chevron podem triplicar a produção de petróleo para cerca de 200.000 barris por dia em um período de seis meses a um ano, dos atuais 150.000, disse uma pessoa com conhecimento do assunto no início deste ano.

A produção de petróleo na Venezuela se recuperou este ano para 679.000 barris por dia, mas ainda está longe dos 2,9 milhões de barris produzidos há uma década. A produção caiu após sanções e má administração de campos de petróleo e refinarias sob os regimes socialistas de Hugo Chávez e Maduro.

As rodadas anteriores de negociações entre Maduro e a oposição fracassaram, mais recentemente em outubro de 2021. Desde então, o interesse em retomar as conversas ganhou força à medida que a Venezuela enfrenta uma concorrência crescente de barris russos e iranianos na Ásia, o principal destino da produção de petróleo.

A empresa estatal de energia da Venezuela, PdVSA, não receberá dividendos pela retomada da produção e vendas de petróleo pelas joint ventures da Chevron, de acordo com a licença. A Chevron será proibida de realizar quaisquer transações com o Irã ou negociações com entidades russas ou controladas na Venezuela.

A decisão da OFAC também permite que os provedores de serviços de petróleo dos EUA Halliburton, Schlumberger, Baker Hughes e Weatherford International reiniciem o trabalho, disse o Tesouro. A licença é válida até 26 de maio de 2023.

— Com a ajuda de Eric Martin

Veja mais em bloomberg.com

Leia também:

Por que o boom do petróleo colocou a América Latina em uma encruzilhada política

É possível um litro de iogurte custar mais que uísque? Na Venezuela, sim