Brasil e México ampliam vendas para os EUA. Mas há uma diferença na pauta

Embarques para a maior economia do mundo crescem em 2022, mas valor agregado de produtos que puxam o aumento das vendas separa os dois emergentes

Imagem aérea de conteinêres em porto: comércio exterior com os Estados Unidos volta a ganhar destaque nas duas maiores economias da América Latina: Brasil e México
Por Maya Averbuch
26 de Novembro, 2022 | 06:10 PM

Bloomberg — Embarques de barcos, veículos e peças para computadores impulsionam um boom de exportações do México, com a crescente demanda dos Estados Unidos por produtos industriais de seu vizinho do sul.

A exportação de barcos produzidos no México saltou 266% em setembro em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o item que mais cresceu entre as vendas externas mexicanas acima de US$ 100 milhões, segundo dados do banco central do país. Peças de computador e automóveis lideraram a lista dos itens de exportação mais valiosos no mês, com cerca de US$ 4,7 bilhões cada, segundo os dados.

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Os embarques da segunda maior economia da América Latina subiram para um recorde de US$ 52,3 bilhões em setembro, um aumento de 25% em relação ao ano anterior, de acordo com o instituto nacional de estatísticas. Mais de 80% disso vai para os Estados Unidos, de longe o principal parceiro comercial do México.

O crescimento das exportações é “explicado em parte por uma demanda não-satisfeita nos Estados Unidos”, disse Rodolfo Navarrete, diretor de análise da Vector Casa de Bolsa na Cidade do México.

Enquanto isso, no Brasil, maior economia da América Latina, as exportações para os Estados Unidos também estão em alta neste ano, atingindo US$ 3,165 bilhões em outubro, dado mais recente, e US$ 31,047 bilhões no acumulado dos dez primeiros meses de 2022.

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É um crescimento de 23,1% de janeiro a outubro em relação ao mesmo período do ano anterior, mas que mostra o peso limitado da maior economia do mundo para as vendas do país: 11,1% do total, abaixo dos 13,4% registrados em 2019, maior percentual da última década.

O aumento das vendas de produtos brasileiros tem sido impulsionado por produtos intermediários, como petróleo bruto, ferro gusa, café, madeira e equipamentos de engenharia, segundo informações do Monitor do Comércio Brasil-Estados Unidos, produzido e divulgado pela Amcham Brasil.

Dados do governo brasileiro mostram que as exportações de produtos da indústria extrativista para o mercado americano cresceram quase 50% de janeiro a outubro, o maior salto entre os principais grupos.

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Por outro lado, entre as principais categorias de produtos de vendas do México para os Estados Unidos, as exportações de vagões ferroviários saltaram 174% em termos anuais, enquanto os medicamentos para venda no varejo cresceram 60%, mostram os dados do banco central do país. Veículos e autopeças cresceram 44%, e cerveja de malte, 27%, o mesmo aumento do petróleo.

As exportações crescentes do México ocorrem em um momento em que o governo estuda formas de atrair investimentos para abastecer o mercado americano com fábricas que, não fosse isso, se estabeleceriam nos mercados asiáticos, em uma tendência conhecida como nearshoring.

A ministra da Economia do México, Raquel Buenrostro, no início deste mês disse que mais de 400 empresas estavam procurando transferir operações da Ásia para a nação latino-americana.

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Se o México aproveitar integralmente esta tendência, suas exportações para os Estados Unidos podem crescer cerca de 38% nos próximos anos, de acordo com relatório do Barclays.

- Com informações da Bloomberg Línea.

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