Por que a XP decidiu investir em uma roda-gigante em São Paulo

Nova atração turística próxima ao parque Villa-Lobos ilustra crescimento do mercado de naming rights no Brasil, em estratégia de marca de instituições financeiras

Rico, do grupo XP, conquista contrato de naming rights da maior roda-gigante da América Latina, a ser inaugurada em São Paulo no próximo dia 9 de dezembro
25 de Novembro, 2022 | 08:21 AM

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Bloomberg Línea — A partir do dia 9 de dezembro, Foz do Iguaçu, no Paraná, perde o título de cidade com a maior roda-gigante da América Latina.

A Yup Star, como é conhecida a atração na terra das Cataratas do Iguaçu, tem 88 metros de altura, enquanto a chamada Roda Rico (marca da XP, dona dos naming rights) mede 91 metros, localizada próxima ao parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo.

Em outubro, Bloomberg Línea antecipou a inauguração da roda-gigante.

A Rico, corretora do grupo XP Inc. (XP) voltada para clientes de varejo, acabou levando a disputa para dar o nome para a atração turística. Os valores do contrato não foram divulgados.

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A parceria de marketing é o mais novo exemplo de aquecimento de um mercado que existe há muitos anos nos Estados Unidos e na Europa, mas que ainda está incipiente no Brasil, o de naming rights. Ao se associar a atrações culturais e de diversão, empresas reforçam a marca e ainda podem promover eventos para os clientes.

No primeiro semestre, a casa de espetáculos UnimedHall (ex-Credicard Hall) passou a se chamar Vibra São Paulo, e o Teatro Folha virou Teatro UOL.

Não é a primeira instituição financeira que aposta na visibilidade de sua marca em equipamento de diversão. Neste ano, o Itaú Unibanco (ITUB4), maior banco privado do país, patrocinou a roda-gigante do festival de música Rock in Rio, na capital fluminense. O aplicativo de entrega de comida iFood já associou sua marca a uma roda-gigante instalada no parque do Ibirapuera, em 2021, em São Paulo.

Os ingressos para passeio na Roda Rico já estão à venda no portal Sympla. Na data de estreia, a entrada custaRÁ R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia), sendo que cabine VIP com bebida para oito pessoas custa R$ 350 ou R$ 299 (sem bebida). Haverá preços mais baixos para clientes da Rico, em linha com a estratégia de marketing.

Esses valores valem para o período da manhã. A partir das 15h, os valores sobem para R$ 55 (inteira), R$ 27,50 (meia), mas os ingressos da cabine VIP continuam R$ 350 (com bebida) e R$ 299 (sem bebida).

Em Foz, o ingresso para o passeio na Yup Star custa R$ 59 (adulto), R$ 39 (estudante, pessoa a partir de 60 anos ou com necessidades especiais, além de criança de 4 a 11 anos). Com 36 cabines climativas, o passeio na roda-gigante de Foz do Iguaçu dura 20 minutos. O equipamento funciona das 12h às 20h, e as cabines são compartilhadas com o mínimo de quatro pessoas e máximo de oito.

Já o equipamento no Parque Cândido Portinari vai funcionar de terça a sexta, das 9h às 19h, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 20h. O passeio na Roda Rico tem duração de 25 a 30 minutos. São 42 cabines equipadas com ar-condicionado, monitoramento por câmeras, interfones e wi-fi.

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Gestão

A Roda Rico será gerida pela Interparques, empresa especializada em parques e atrações turísticas, segundo o comunicado divulgado na última quarta-feira (23). O projeto da roda-gigante foi apresentado pelo escritório paulistano Levisky Arquitetos como parte do plano de revitalização do rio Pinheiros.

A empresa SPBW (São Paulo Big Wheel) venceu uma concorrência pública realizada pelo governo de São Paulo em 2020. A SPBW é uma sociedade de fim específico que tem entre seus sócios a Interparques Holding, empresa de Santa Catarina. Fundada em 2012, ela é responsável pela FG Big Wheel, uma roda-gigante com 65 metros de altura em Balneário Camboriú, cidade do litoral catarinense.

Na Comissão de Proteção da Paisagem Urbana (CPPU), da Prefeitura, o projeto foi aprovado em 2020 com a determinação de que o equipamento não poderia receber nenhum tipo de propaganda, como estabelece a Lei Cidade Limpa (Lei nº 14.223).

Em outubro, a assessoria da SPBW enviou e-mail à Bloomberg Línea sobre a decisão da CPPU. “Entendemos que não é vetada a publicidade pela CPPU. O que precisamos é ter a aprovação de como ela será feita seguindo as regras. Senão, nenhuma empresa poderia divulgar o seu nome na fachada, certo? Inclusive a marca ficará no prédio, e não na roda em si.”

A concorrência pública da roda-gigante paulistana em 2020 foi anterior à concessão dos dois parques estaduais (Candido Portinari e Villa-Lobos) para o consórcio Reserva Novos Parques Urbanos, que arrematou ainda a concessão por 30 anos do Parque da Água Branca, no bairro da Água Branca, em leilão realizado na B3 em março deste ano.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.