Como os jogos da seleção brasileira na Copa impactam a Black Friday

Dados da Cielo antecipados à Bloomberg Línea mostram crescimento de 3,8% nas vendas nominais, em movimento puxado pelo desempenho em lojas físicas

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Bloomberg Línea — As vendas da Black Friday se tornaram uma das principais apostas de redes varejistas para alavancar os resultados no quarto trimestre de 2022. A julgar pelo balanço dos primeiros resultados consolidados, consumidores foram às compras nesta semana em ritmo superior ao de 2021 nos dias que antecederam a principal data de promoções (hoje), mas que confirma a desaceleração das vendas no país.

As vendas nominais, ou seja, sem o desconto da inflação no período, subiram 3,8% nos cinco dias que antecederam a sexta-feira (25) na comparação com o mesmo intervalo de 2021, segundo números obtidos em primeira mão pela Bloomberg Línea do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), com base em 1,1 milhão de lojas e estabelecimentos comerciais que aceitam diferentes meios de pagamento.

Segundo a Cielo, o resultado poderia ter sido ainda melhor não fosse o jogo de estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar, nesta quinta-feira (24) às 16h, em que o time derrotou a Sérvia por 2 a 0. O movimento do varejo ficou aquém do esperado perto e durante a partida na medida em que milhões de brasileiros pararam para assistir, o que incluiu o fechamento temporário de lojas.

O impacto pode servir de alerta para varejistas, na medida em que a seleção brasileira terá mais jogos pela frente - o próximo será na segunda-feira (28) às 13h contra a Suíça. Trata-se de um efeito atípico, dado que a Copa do Mundo é tradicionalmente realizada no meio do ano - em 2022, mudou para esta época para fugir das altas temperaturas no Catar, país que é a sede da competição.

O ICVA é considerado um dos mais abrangentes do varejo, dado que a Cielo é a líder do mercado de adquirência, que faz o processamento do pagamento com cartões, mas cujo modelo estatístico extrapola a estimativa para considerar outras modalidades financeiras utilizadas por consumidores.

Diferentemente do que foi verificado em anos anteriores, o maior salto se deu com as vendas no chamado varejo físico: crescimento de 4,7%, mais que o dobro do ritmo do e-commerce, de 2,1%.

O melhor desempenho em termos de crescimento foi registrado por farmácias e drogarias (+20,2%) e supermercados e hipermercados (+17,9%) na base anual, enquanto óticas e relojoarias (-16,7%) apresentaram a maior retração - o que sugere compras de menor valor neste ano.

Na pré-Black Friday de 2021, o crescimento havia sido de 12,2% em cima de uma base de comparação mais fraca; na evolução mensal neste ano, o aumento nominal das vendas tem sido superior, embora em ritmo de desaceleração: em outubro, a alta foi de 10,5% ante o mesmo mês do ano anterior.

Novos dados para o fechamento do balanço da Black Friday em 2022, que se tornou para muitos varejistas a principal data de vendas do ano, serão conhecidos no começo da semana que vem. Isso inclui o resultado consolidado do setor e os números dos maiores players do país, como Mercado Livre (MELI), Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3), entre outros.

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