Maior gestora do mundo aponta janela para ampliar posição em emergentes

BlackRock avalia que ciclo de aumento de juros nos EUA se aproxima do fim: ‘não é mais hora de ser extremamente defensivo’, diz chefe de dívida de emergentes

Por

Bloomberg — A maior gestora de recursos do mundo voltou a acumular posições em dívida de mercados emergentes.

Amer Bisat, chefe de dívida de emergentes da BlackRock, abandonou sua visão defensiva de 2022 sobre a classe de ativos porque vê um pico nos aumentos de juros dos Estados Unidos e avalia que os problemas que algumas nações enfrentam não desencadeará uma crise sistêmica. Ele prefere títulos de países como México, Indonésia e, possivelmente, da Polônia.

“Abriu-se uma janela para o otimismo”, disse Bisat em entrevista em Londres. “Não é mais hora de ser extremamente defensivo e não é cedo demais para alocar capital.”

A BlackRock tinha cerca de US$ 8 trilhões em ativos sob gestão no mundo ao fim do terceiro trimestre.

A mudança de postura segue o começo de uma recuperação dos ativos de risco e está em linha com as opiniões de alguns bancos em Wall Street, como o Morgan Stanley. Os títulos de mercados emergentes, tanto em moeda forte quanto em moeda local, subiram neste mês, reduzindo perdas de dois dígitos no ano.

A BlackRock estava cautelosa com a dívida de emergentes no início do ano devido às grandes necessidades de financiamento dos países, especialmente depois que a guerra da Rússia na Ucrânia fechou os mercados de capitais para os chamados créditos de risco. Os investidores também evitaram a dívida de emergentes devido ao aumento agressivos de juros pelos bancos centrais mais importantes do mundo.

“Estamos quase no fim do aperto dos banco centrais, mas ainda não acabou — ainda temos quatro a cinco meses de aumentos pela frente”, disse Bisat.

Agora que o debate gira em torno de um ritmo mais lento de aumentos de juros nos EUA, as dívidas corporativas e soberanas de emergentes denominadas em dólar se recuperaram e os prêmios de risco caíram 82 pontos base no último mês, de acordo com dados da Bloomberg.

Embora os títulos em dólar de quase 20 mercados emergentes, da Argentina à Etiópia e ao Tadjiquistão, ainda sejam negociados em níveis de estresse, a BlackRock descarta o risco de problemas sistêmicos semelhantes aos da crise asiática na década de 1990. Os títulos oferecem rendimentos que não exigem que os investidores sejam excessivamente agressivos, disse Bisat.

“Agora os rendimentos estão atraentes de uma forma que não eram no passado e há investidores interessados na classe de ativos porque gera renda”, disse Bisat, que administra cerca de US$ 30 bilhões com mais de 30 profissionais de investimento na BlackRock. “Você pode deter nomes fortes e ainda obter um rendimento de 6% a 7%.”

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

AZ Quest: Bolsa está de graça, mas pode sair cara em caso de ‘trem fantasma fiscal’

Para a BlackRock, o maior risco para os ativos no Brasil não é a eleição

©2022 Bloomberg L.P.