Bloomberg — Os sócios da poderosa empresa de capital de risco Sequoia Capital pediram desculpas a seus investidores em uma teleconferência na última terça-feira (22) por ter investido na FTX, a exchange de criptomoedas mal administrada por Sam Bankman-Fried, segundo pessoas familiarizadas com a reunião ouvidas pela Bloomberg News.
Roelof Botha, líder global da empresa, foi quem abriu a fala, e ele e seus colegas se arrependeram de apoiar a empresa, com investimentos totalizando US$ 214 milhões na FTX.com e FTX.us por meio de dois fundos diferentes.
Alfred Lin, o sócio que liderou o aporte na FTX, atualizou os investidores sobre a situação. Shaun Maguire, outro sócio que trabalha com o mercado de cripto, deu uma visão geral do setor, que foi totalmente abalado pelo escândalo.
O caso da FTX foi um raro desastre para a célebre empresa de capital de risco, que sempre se manteve como um dos principais fundos de venture capital desde sua fundação em 1972. Há duas semanas, a Sequoia disse a seus investidores que havia feito um write off (assumir o prejuízo) do valor total de seus investimentos em FTX.
Um porta-voz da Sequoia se recusou a comentar a teleconferência. O Wall Street Journal noticiou pela primeira vez os detalhes da reunião ainda na terça-feira.
A reunião visava tranquilizar os investidores da Sequoia Capital, que forneceu US$ 150 milhões por meio de seu Global Growth Fund III à FTX. O restante veio do fundo Sequoia Capital Global Equities, que opera separadamente.
Embora os sócios presentes na teleconferência tenham sido conciliadores, eles também defenderam a diligência que realizaram no negócio. Eles disseram que a equipe revisou as demonstrações financeiras e perguntaram em várias ocasiões sobre a relação entre a FTX e a Alameda Research, uma empresa comercial que Bankman-Fried também fundou e que supostamente emprestou e perdeu dinheiro dos clientes da FTX.
Em maio, a Sequoia foi assegurada de que os fundos da FTX não foram usados para financiar as atividades da Alameda e que a FTX e a Alameda eram entidades separadas, disse uma das pessoas com conhecimento da chamada. Os sócios disseram acreditar que foram enganados.
A Sequoia disse a seus investidores que, quando fez o primeiro aporte na FTX em julho de 2021, havia revisado declarações não auditadas, disse a pessoa.
Em resposta a uma pergunta sobre a auditoria das declarações financeiras, um dos sócios sugeriu que a empresa poderia pressionar as startups investidas pelo fundo a usar uma das quatro grandes empresas de auditoria (EY, PwC, Deloitte e KPMG, conhecidas como “Big Four”) no futuro.
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