Bloomberg Línea — Depois de entrar com uma representação Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo uma investigação e eventual anulação de uma parte das urnas utilizadas no segundo turno das eleições no último dia 30 de outubro, o Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, pediu na tarde desta quarta-feira (23) ao ministro Alexandre de Moraes, do TSE, que considere o mesmo pedido de anulação apresentado anteriormente.
O presidente do partido, Valdemar da Costa Neto, disse que a auditoria privada contratada pela coligação constatou inconsistências em determinadas urnas, fabricadas antes de 2020, e pediu uma “verificação extraordinária” dos equipamentos.
“Caso o Tribunal ateste os erros, a investigação deve então se ser estendida ao primeiro turno”, disse o dirigente.
Sobre a contestação somente do segundo turno feita pelo partido, o advogado do partido, Marcelo Luiz Ávila de Bessa, afirmou que “isso pode ser resolvido pelo ponto de vista do segundo turno”, e que no momento a auditoria trata apenas deste período.
“O erro existe, se contesta agora as consequências do erro no lote, se pode potencializar ou impedir a certificação do resultados das urnas”, disse.
Segundo Costa Neto, a auditoria foi realizada por ex-colegas do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) de Marcos Pontes, ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações. Quando questionado sobre por que nenhum indício de inconsistência foi encontrado pelas Forças Armadas ou por entidades internacionais, o presidente do partido disse que as verificações “não chegam a este ponto”.
A alegação apresentada inicialmente na terça-feira (22), anunciada pelo presidente do partido, é de que teriam sido encontrados “números de registro inconsistentes” em parte das urnas, um sinal de mau funcionamento, de acordo com a análise de uma empresa terceirizada a pedido do PL.
A Justiça Eleitoral respondeu na sequência ao pedido do PL, ao estabelecer o prazo de 24 horas para que o partido apresentasse o aditamento da petição na qual pede a anulação de votos das eleições.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, pediu em despacho que o partido apresente a relação de urnas supostamente defeituosas nos dois turnos, alegando que as urnas também foram usadas no primeiro turno.
“As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022. Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 horas”, diz o despacho.
A eventual anulação de tais urnas, fabricadas até o ano de 2020 e equivalentes a cerca de 60% do total, levaria à reeleição de Bolsonaro com 51,05% dos votos válidos.
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