Fundos globais evitam euforia do mercado e veem ‘rali de bear market’

Investidores de fundos hedge mantêm postura cautelosa e ainda não estão confortáveis para elevar posição comprada em ações

Recente recuperação das ações pode se tornar uma armadilha
Por Lu Wang e Melissa Karsh
23 de Novembro, 2022 | 08:08 AM

Bloomberg — Investidores de hedge funds (multimercado) mantêm sua postura cautelosa, mesmo depois do rali mais recente no mercado acionário, que os obrigou a se desfazerem de operações vendidas em um dos ritmos mais rápidos dos últimos anos.

Hedge funds que apostam tanto na alta quanto na baixa do mercado têm evitado novas posições compradas, apesar do avanço do índice S&P 500 em novembro (a segunda alta mensal consecutiva), segundo dados dos chamados prime brokers de Wall Street.

Os clientes de fundos monitorados pelo JPMorgan Chase reduziram as apostas em posições compradas e vendidas, revertendo todas as exposições ao risco que haviam assumido entre o fim de agosto e final de setembro. No Goldman Sachs, os hedge funds viram seu fluxo de negociação combinado cair pela quinta semana consecutiva. Esse sinal de pouco apetite por risco indica que esses investidores veem o recente rali das bolsas como uma armadilha do mercado baixista.

A propensão a manter um posicionamento defensivo pode, em última análise, preparar o terreno para uma recuperação no final do ano, assim como ocorreu no início de 2022. Ao mesmo tempo, reflete preocupações predominantes de que o “bear market”, que já dura 11 meses, ainda tem chão. Ecoando avisos de estrategistas do Goldman Sachs e do Morgan Stanley, pesquisas independentes da 22V Research e da Renaissance Macro Research mostraram que a maioria de seus clientes acredita que esse salto é de curta duração.

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O volume de negociações tende a diminuir com a chegada da temporada de Natal, por isso, um erro de investimento pode prejudicar o desempenho de um gestor no ano todo, um risco na carreira que muitos tentam evitar.

“Estamos nos aproximando do final do ano e, muitas vezes, há uma certa redução com a menor liquidez”, escreveu em nota na semana passada a equipe do JPMorgan, que inclui John Schlegel. “Assim, hedge funds podem não estar dispostos a adicionar muito risco nesse ambiente.”

Na segunda-feira (21), as bolsas dos EUA perderam terreno pela terceira sessão. O S&P 500 caiu 0,4%, para 3.950 pontos, em meio à preocupação de que a China possa apertar as restrições contra a covid após uma série de mortes.

Em geral, a exposição dos hedge funds à renda variável permanece moderada. Na quinta-feira, a alavancagem líquida, um indicador do apetite por risco do setor, se manteve no segundo percentil de uma faixa que se estende desde 2017, mostram dados do JPMorgan.

A indústria é marcada por sua persistente precaução este ano, postura que ajudou gestores a se saírem relativamente melhor durante a queda do mercado provocada pelo aperto monetário. No momento, no entanto, o ceticismo parece ser amplamente compartilhado.

Na pesquisa realizada pela RenMac na segunda-feira, durante ligações dos clientes, 88% dos entrevistados disseram que as bolsas experimentam um rali de “bear market”. Outro levantamento da 22V realizado na semana passada mostrou que apenas 5% dos investidores consideraram que a forte retração deste ano já tenha terminado.

Não é difícil ver por que a visão de consenso permanece pessimista. Embora os dados de inflação mais baixos tenham dado esperanças a investidores de que o Federal Reserve (Fed) possa diminuir o ritmo de aumentos de juros, os eventos em dezembro – como a reunião de política do banco central, dados sobre preços ao consumidor e mercado de trabalho - têm potencial de minar qualquer otimismo.

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E, embora as ações tenham sofrido grandes correções, a visão no mercado é de que elas ainda não estão baratas – especialmente se as estimativas de lucro para 2023 continuarem caindo. Na baixa do mercado em outubro, o S&P 500 foi negociado a 17,3 vezes o lucro projetado. Esse é o maior múltiplo entre todos os 11 mercados baixistas desde a década de 1950, mostram dados compilados pela Bloomberg.

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