Bloomberg — Existia a expectativa de que os investidores estrangeiros entrariam com mais dólares no mercado brasileiro após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Três semanas depois do resultado, porém, eles estão comprando derivativos cambiais para se proteger.
Os estrangeiros compraram US$ 7,1 bilhões por meio de derivativos negociados na B3 neste mês, levando as posições pessimistas ao maior nível em mais de três anos.
O movimento ocorre no momento em que o presidente eleito e sua equipe de transição indicam que desejam elevar os gastos sociais em bilhões de reais fora do teto de gastos. A falta de clareza sobre as perspectivas para as contas fiscais do país derrubou os ativos desde a eleição em 30 de outubro. Nem mesmo os juros elevados do Brasil, que beneficiam a moeda, foram suficientes para atrair os investidores.
O dólar comercial tem sido negociado na casa de R$ 5,30 nesta semana, acima do patamar de R$ 5,00 do qual se aproximou nos primeiros dias depois da eleição de Lula, no começo do mês.
Embora não esteja claro qual o tamanho do gasto extra que será aprovado pelo Congresso - os parlamentares já estão propondo projetos alternativos que reduzem o valor excluído do teto de gastos -, as últimas semanas podem ter prejudicado de forma mais permanente a confiança dos investidores nas perspectivas para as contas públicas sob o governo Lula.
No início deste mês, o Citigroup recomendou aos clientes cortarem sua exposição ao país, dizendo que a visão de que Lula seria fiscalmente prudente pode ter sido “incorreta”.
Lula ainda não anunciou sua escolha para ministro da Fazenda. A nomeação é acompanhada de perto pelos operadores e pode movimentar os ativos, embora a importância do nome em si possa diminuir à medida que a disposição para mais gastos do governo se torna mais clara para os investidores.
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