Bloomberg — O Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, exortou a China a evitar “ações desestabilizadoras” em relação a Taiwan em sua primeira reunião cara a cara com o ministro da Defesa Wei Fenghe desde a visita da presidente da Câmara norte-americana Nancy Pelosi a Taipei, em agosto.
Em declaração nesta terça-feira (22) na cidade de Siem Reap, no Camboja, o chefe do Pentágono também pediu que os dois lados mantenham abertos os canais de comunicação e advertiu sobre o “comportamento cada vez mais perigoso” dos aviões militares chineses na região Indo-Pacífico, de acordo com um briefing das autoridades americanas após o término da reunião.
As autoridades chinesas consideraram “positiva” a reunião de aproximadamente 90 minutos e disseram concordar com a necessidade de fortalecer a gestão da crise, mas colocaram a culpa diretamente nos EUA pela deterioração dos laços entre as duas maiores economias do mundo.
“A responsabilidade da atual situação das relações China-EUA não é da China - a principal razão é que os EUA fizeram o julgamento estratégico errado”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa Tan Kefei a repórteres no Camboja. Segundo ele, os EUA deveriam “adotar uma política racional e prática para a China, de modo remover as raízes da crise”.
O encontro representou o mais recente esforço para colocar o relacionamento EUA-China em uma base mais estável e sucede o encontro presencial, na semana passada, entre o presidente chinês Xi Jinping e seu homólogo americano Joe Biden.
Embora os dois lados não tenham resolvido diferenças profundas sobre Taiwan, direitos humanos, restrições dos EUA às exportações de tecnologia e outras questões, eles trataram de restaurar laços rudimentares que poderiam impedir que desacordos saíssem do controle.
Os EUA têm observado com crescente preocupação a construção, pela China, de uma das forças militares mais poderosas do mundo. Na semana passada, funcionários da administração Biden reconheceram publicamente, pela primeira vez, que o país asiático lançou novos mísseis balísticos de longo alcance em seus seis submarinos de propulsão nuclear, o que lhe permitiria atingir os EUA continental de muito mais perto que de suas próprias costas.
Pequim também continua a reivindicar uma grande faixa do Mar da China Meridional, ocupando uma posição contestada pelas nações desde o Vietnã até as Filipinas. Nas Filipinas, na terça-feira, a vice-presidente Kamala Harris disse que os EUA estariam com a nação asiática “diante da intimidação e coerção no Mar do Sul da China”. Os movimentos da China levaram os EUA a aumentar os esforços para melhorar o alcance no Indo-Pacífico, particularmente depois que Pequim parecia estar fazendo incursões em lugares como as Ilhas Solomon.
Em um discurso em maio, o Secretário de Estado Antony Blinken disse que os EUA “moldarão o ambiente estratégico em torno de Pequim” para promover os interesses americanos. A China respondeu acusando os EUA de ter uma abordagem da Guerra Fria para o mundo. Questionado sobre a visita de Harris às Filipinas, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Zhao Lijian disse que os laços entre Washington e Manila não devem “prejudicar os interesses de nenhum outro país”.
Enquanto os funcionários da administração Biden insistem que a política dos EUA em relação a Taiwan não mudou, eles acusaram Pequim de alterar o status quo com suas manobras e exercícios militares mais freqüentes ao redor da ilha.
Antes do encontro com Austin, Wei condenou os movimentos americanos de venda de armas a Taiwan, que considera parte de seu território. Um oficial americano, informando os repórteres após a reunião, disse que após a visita de Pelosi a Taipei, a China cancelou uma chamada agendada entre oficiais militares.
- Colaboraram Lucille Liu e Jing Li.
- Tradução Michelly Teixeira.
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