Bloomberg Línea — Depois de dois anos de devoluções no mercado de escritórios em São Paulo, o cenário está mudando com grandes empresas ampliando a ocupação de espaços físicos na capital paulista, maior mercado do país. E esse retorno aos escritórios tem sido liderado por um setor: o de tecnologia.
Levantamento realizado pela SiiLA, multinacional de análises do mercado imobiliário comercial, e divulgado com exclusividade pela Bloomberg Línea, aponta que a empresa que esteve à frente de locações de escritórios no Brasil neste ano até o terceiro trimestre é o Google (GOOG).
A gigante de tecnologia, que já havia feito uma grande movimentação em 2021, quando expandiu a área ocupada de sua sede no edifício Pátio Victor Malzoni, na avenida Faria Lima, em São Paulo, de 15,2 mil para 17,8 mil metros quadrados, alugou mais espaços em dois outros edifícios próximos na região.
Segundo a SiiLA, o Google acertou a locação neste ano de mais de 14,8 mil metros quadrados: 8.000 metros quadrados em um dos dois prédios de alto padrão “A+” da São Paulo Corporate Towers, na Vila Olímpia, e mais de 6.400 no Sky Corporate, também de alto padrão e no mesmo bairro.
“Quando começou a pandemia só tinha uma opção: trabalhar. Houve um aumento na produtividade. Mas, depois, com a reabertura dos estabelecimentos, começou uma dispersão maior e o encanto do home office começou a cair. Foi aí que as empresas encontraram um modelo ideal: o híbrido”, disse Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA.
O executivo afirmou que, durante a pandemia, a absorção líquida (diferença entre áreas locadas e devolvidas) de escritórios ficou negativa. A chave, contudo, virou de vez no primeiro trimestre deste ano, segundo ele, com a recuperação da economia e empresas voltando aos escritórios.
Hoje, o mercado de escritórios em São Paulo (regiões CDB e classes A e A+) conta com uma absorção líquida positiva de quase 100 mil metros quadrados. O novo estoque, por sua vez, é limitado: cerca de 30 mil metros quadrados, ante cerca de 150 mil metros quadrados em 2021.
Nicastro disse que muitas empresas estavam, em sua avaliação, demorando para tomar grandes decisões em razão de incertezas trazidas pelas eleições presidenciais e que, por isso, a expectativa é a de que o movimento de aluguel de novos espaços seja ampliado neste quarto trimestre.
Em segundo lugar no ranking de maiores locações está a asiática Shopee, de Cingapura, com uma absorção de quase 14 mil metros quadrados no período, em empreendimentos classe “A+” de São Paulo. Foram 11 mil metros quadrados no edifício do Faria Lima Plaza, na região do Largo da Batata, e mais 2.700 metros quadrados no Berrini One, no começo da avenida Berrini, praticamente Vila Olímpia.
Em terceiro lugar aparece a startup mexicana de compra e venda de carros em plataforma digital Kavak. A empresa acertou a locação de 9.000 metros quadrados na torre B2 Paineira do Parque da Cidade, um “A+” na região da avenida Chucri Zaidan, na zona sul da cidade de São Paulo.
Preços mais altos
Outro estudo divulgado pela revista Buildings na última semana mostra que a região da Nova Faria Lima, em São Paulo, tem a maior média de preço pedido para aluguel na capital: R$ 161,62 por metro quadrado.
A justificativa é justamente a escassez de lajes corporativas disponíveis e a alta procura, levando a preços acima dos praticados em outras regiões. Segundo a Buildings, espaços da Faria Lima que entram no mercado já possuem ofertas bem acima das demais, fazendo com que a média de preço suba mais.
Mas há quem devolveu espaço…
Enquanto algumas empresas viram o momento como oportunidade para expandir seus espaços físicos, outras optaram por uma redução. Foi o caso, por exemplo, do Itaú Unibanco (ITUB4) e da Caixa Econômica, que devolveram 3.800 metros quadrados cada uma no período, segundo dados da SiiLA.
No topo do ranking das empresas que mais devolveram lajes comerciais de alto padrão, contudo, ficou a 99, empresa de tecnologia de aplicativo de transporte, que devolveu 11,6 mil metros quadrados no edifício Carlos Bratke Jacarandá. Na sequência veio a Oi Telecomunicações (OIBR3), com devolução de 6.600 metros quadrados no edifício EZ Towers, no bairro da Chácara Santo Antônio, na zona sul.
Um movimento relacionado, mas de natureza diferente porque o contrato sequer havia sido assinado, foi tomado pela Amazon (AMZN).
Depois de dois anos de negociações, a Amazon desistiu de ocupar cerca de 20 mil metros quadrados no Edifício Faria Lima Plaza, o FL Plaza, no Largo da Batata, na ponta norte da Avenida Faria Lima, em São Paulo, segundo revelou a Bloomberg Línea com informações de fontes do mercado.
A adaptação da empresa ao modelo de trabalho híbrido e remoto, o cenário de mercado desafiador com a alta global de taxas de juros e a desaceleração do crescimento das vendas de e-commerce estão entre as principais justificativas, disseram as pessoas em condição de anonimato.
Confira o top cinco das empresas que mais devolveram espaços neste ano:
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