Bloomberg — O Morgan Stanley cortou sua recomendação para o mercado acionário brasileiro à medida que o apetite por gastos do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) coloca em risco as expectativas de cortes da taxa básica de juros no ano que vem.
O banco rebaixou as ações brasileiras de “overweight” (exposição acima da média do índice de referência) para neutro em seu portfólio de América Latina. A recomendação estava sendo mantida desde outubro de 2018. Estrategistas liderados por Guilherme Paiva agora veem uma probabilidade menor de Lula escolher um ministro da Fazenda ortodoxo para seu governo. Eles também citaram a possibilidade de a taxa Selic permanecer elevada por mais tempo em meio a um cenário de política fiscal frouxa adiante.
Se esse cenário se materializar, “os próximos anos devem ser bons para ativos de renda fixa brasileiros, mas não para ações”, segundo Paiva. “Juros reais elevados podem prejudicar a história de valuations aparentemente atrativos” para a Bolsa.
O índice Ibovespa (IBOV) negocia a 6,8 vezes o lucro futuro estimado, ainda bem abaixo da média histórica de dez anos de 11,4 vezes. Os múltiplos depreciados refletem incertezas incluindo se Lula será fiscalmente responsável. Enquanto os mercados locais permaneceram relativamente calmos antes da eleição, eles têm registrado uma performance mais fraca em relação a pares nas últimas semanas em meio a receios sobre o plano fiscal do líder petista.
O Ibovespa deve encerrar o ano que vem a 125.000 pontos, sugerindo espaço para uma alta de 15% em relação ao fechamento de sexta-feira (18), segundo o banco. Na semana passada, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto disse que é cedo para celebrar a vitória contra a inflação e que a autoridade monetária vai reagir se a convergência à meta não for assegurada.
O Morgan Stanley também elevou as ações do México para “overweight”, em meio à leitura de que a economia norte-americana -- que possui fortes laços com a mexicana -- deve escapar de uma recessão em 2023. O Mexbol (MEXBOL) deve encerrar o ano que vem a 70.000 pontos, uma alta de 36% em relação ao último fechamento, à medida que o país pode se beneficiar de empresas movendo suas cadeias de produção para mais perto de seus clientes.
A lista recomendada do Morgan Stanley para América Latina conta com MercadoLibre (MELI), Itau Unibanco (ITUB3 / ITUB4), Porto Seguro (PSSA3), Sendas Distribuidora/Assaí (ASAI3), Weg (WEGE3), Vale (VALE3), Americanas (AMER3), Fibra Prologis, Grupo Aeroportuario del Centro Norte SAB (OMAB) e Credicorp Ltd.
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