Bloomberg — Lionel Messi e Neymar Jr. são dois dos maiores jogadores de futebol de sua geração, mas nenhum deles jamais ergueu a taça da Copa do Mundo. Mas, ao que tudo indica, isso pode estar prestes a mudar - pelo menos para um deles -, de acordo com a pesquisa MLIV Pulse da Bloomberg News, que é realizada com gestores, estrategistas, analistas, economistas e investidores.
A Argentina de Messi e o Brasil de Neymar estão na Copa do Mundo, que acaba de começar no Catar, como favoritos, com mais da metade dos entrevistados citando um deles como o provável vencedor. Seria a primeira vez que o torneio seria vencido por um time sul-americano desde 2002, quando a seleção brasileira conquistou o seu quinto título. Os argentinos não ganham desde 1986.
A seleção brasileira busca sua redenção após uma derrota humilhante por 7 a 1 em casa para a Alemanha nas semifinais do torneio de 2014. Mas isso parece agora uma possibilidade remota, depois que o time dominou de novo sua região durante as eliminatórias - vencendo 14 das 17 partidas e sofrendo apenas cinco gols.
“O Brasil é o melhor time em campo”, de acordo com economistas do Wells Fargo, que construíram um modelo com base em 23 variáveis diferentes, incluindo classificação, desempenho e momento, o valor dos jogadores de cada time e o número de vezes que eles jogaram juntos pela seleção. “Nossa análise sugere que o Brasil é melhor que a Argentina pela menor margem possível.”
A seleção argentina é dominada por Messi, companheiro de Neymar no Paris Saint-Germain e sete vezes vencedor da Bola de Ouro de melhor jogador do ano no mundo. Messi, aos 35 anos, disse que esta Copa do Mundo, sua quinta, será a última da carreira.
Messi sofreu frustrações em nível internacional, tanto que, em 2016, ele até anunciou sua aposentadoria depois de perder na final de um grande torneio pela quarta vez. Mas ele quebrou a fase ruim quando a Argentina conquistou o título continental da Copa América no ano passado pela primeira vez desde 1993, alimentando as esperanças de que ele possa alcançar a maior das conquistas no Catar.
Embora o Brasil seja favorito ao título, 33% dos 720 entrevistados ainda esperam que Messi leve o prêmio Bola de Ouro de melhor jogador do torneio. Se conseguir, ele se tornará o primeiro jogador a fazê-lo duas vezes.
Apenas 19% esperam que Neymar vença esse prêmio, enquanto 32% apoiam o francês Kylian Mbappé - outro craque na escalação de superestrelas do Paris Saint-Germain. Apenas 7% dos entrevistados esperam que Cristiano Ronaldo, rival de longa data de Messi na Bola de Ouro, saia com o prêmio.
Enquanto isso, alguns entrevistados prevêem que a recente crise econômica e política na Grã-Bretanha não deixará o time da Inglaterra ileso. O Reino Unido está com seu terceiro primeiro-ministro neste ano, depois que Boris Johnson perdeu o apoio de seu partido, e sua sucessora, Liz Truss, também foi forçada a sair depois de torpedear os mercados com seu primeiro grande anúncio econômico. A inflação chegou ao nível mais alto em 41 anos e o país caminha para a recessão - se é que já não está.
Cerca de 32% dos entrevistados da pesquisa MLIV Pulse da Bloomberg News preveem que a Inglaterra será a primeira entre a meia dúzia dos principais candidatos a deixar a competição. Isso seria uma reversão acentuada na comparação com o desempenho de quatro anos atrás, quando a Inglaterra obteve seu melhor resultado desde 1990 ao chegar às semifinais da Copa do Mundo.
Realizada a cada quatro anos, a Copa do Mundo é o evento esportivo mais importante do planeta, atraindo uma audiência televisiva total de 3,6 bilhões somente em 2018. A Fifa, entidade que rege o futebol mundial, projeta que 5 bilhões de pessoas assistirão à competição deste ano.
Mas o torneio do Catar gera polêmica também fora de campo. O ex-presidente da FIFA, Sepp Blatter, afirmou recentemente que escolher a nação do Golfo para sediar a Copa do Mundo de 2022 “foi uma má escolha, e fui responsável por isso como presidente na época”.
A Anistia Internacional acusou o Catar de não investigar adequadamente as mortes de milhares de trabalhadores migrantes que ajudaram a erguer os estádios e a estrutura para a Copa, enquanto o país negou que os trabalhadores sejam maltratados. Além disso, a lei do Catar proíbe os direitos LGBTQ+.
Impacto da Copa sobre os mercados
No que diz respeito aos mercados financeiro, a Copa do Mundo tradicionalmente causa impacto. A liquidez cai à medida que os investidores se distraem. Às vezes, os tomadores de empréstimo optam por antecipar ou atrasar a emissão de títulos por causa da dificuldade de fazer com que os investidores se concentrem enquanto o torneio está acontecendo.
De acordo com um documento de 2012 publicado pelo Banco Central Europeu (BCE), o número de negócios caiu 45% quando uma seleção nacional estava jogando e os volumes foram 55% menores.
Embora isso seja semelhante ao que acontece na hora do almoço em um dia normal, as ações locais também tendem a se descolar dos mercados globais durante os jogos da Copa do Mundo - sugerindo que os traders simplesmente não estão tão atentos.
Os resultados das partidas também podem movimentar as ações. Os índices de ações em países que perdem jogos da Copa do Mundo apresentam desempenho historicamente inferior. Infelizmente, não há valorização correspondente dos ativos em caso de vitória.
Como o efeito é assimétrico, os investidores nem precisam prever o resultado corretamente. Eles podem vender ações de ambos os países entrando em um jogo e ainda lucrar, de acordo com um artigo do Journal of Finance, embora o maior impacto seja em nomes menores que são mais difíceis de vender.
No entanto há limites para o efeito da Copa do Mundo. A julgar pela pesquisa do MLIV da Bloomberg News, para não mencionar a história do futebol, a forma atual e praticamente qualquer outra métrica, os EUA têm mais chances de perder partidas no Catar do que o Brasil. Mesmo assim, mais da metade dos entrevistados espera que as ações dos EUA superem suas contrapartes brasileiras durante o torneio.
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