Bloomberg — As negociações sobre o clima da COP27 no Egito, que pareciam estar perto do colapso na manhã de sábado (19), estavam prontas para um acordo de última hora após o progresso em um acordo histórico para pagar aos países mais pobres pelos danos causados pelo aquecimento global.
A proposta estabeleceria um novo fundo no próximo ano para bancar o custo dos desastres climáticos. Em troca, a Europa pressionou por um compromisso mais duro sobre a redução de emissões. Depois de horas de disputa com países como China, Brasil e Arábia Saudita, foram acertadas mudanças nessa parte do acordo, colocando um texto final ao alcance.
No entanto o trabalho continuava até tarde da noite de sábado. Enquanto as autoridades em uma reunião a portas fechadas debatiam o rascunho final a ser levado à sessão pública de encerramento para assinatura, os Estados Unidos fizeram uma intervenção tardia para que o acordo incluísse um apelo para a eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis que não possuem qualquer espécie de tecnologia de captura, de acordo com pessoas familiarizadas com o matéria.
Se sobreviver, esse acordo irá muito além do texto acordado na COP26 em Glasgow há um ano, que pedia apenas a redução gradual do carvão.
O dia começou com uma ameaça do chefe climático da União Europeia, Frans Timmermans, de abandonar as negociações no balneário de Sharm El-Sheikh, no Mar Vermelho, arriscando a perspectiva da primeira reunião anual da COP sem acordo em mais de uma década.
Timmermans tem sido um dos principais impulsionadores da cúpula ambiental, tentando desbloquear o progresso por meio de uma grande barganha com a troca da promessa de compensações em dinheiro - “loss and damage cash” - por uma abordagem mais dura sobre as emissões de carbono.
“A UE está unida em nossa ambição de seguir em frente e construir sobre o que concordamos em Glasgow”, disse Timmermans, ao lado de um grupo de ministros europeus de energia. “Nossa mensagem aos parceiros é clara: não podemos aceitar que 1,5C [1,5º C] morra aqui e hoje.”
O avanço em compensações veio com a adição de uma linha que garante que os fundos irão apenas para os países mais vulneráveis, como pequenos estados insulares e nações menos desenvolvidas. O texto também inclui uma referência que pode incluir outros países - como a China - contribuindo para resolver o problema.
A demanda europeia para que as emissões globais cheguem ao pico em 2025 e a promessa de reduzir gradualmente todos os combustíveis fósseis não estavam na versão mais recente do texto, mas o trabalho estava em andamento para encontrar uma linguagem que pudesse assegurar as preocupações europeias.
- Em atualização.
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