Bloomberg — Masayoshi Son, fundador e CEO do SoftBank, está pessoalmente envolvido em cerca de US$ 4,7 bilhões em acordos paralelos que estabeleceu no grupo para aumentar sua remuneração, depois que perdas crescentes no portfólio de tecnologia eliminaram o valor de sua participação no Vision Fund. Esse é o valor de sua dívida com o grupo, o maior investidor em empresas de tecnologia do mundo.
Ao longo dos anos, as controversas participações pessoais do bilionário japonês nos investimentos do SoftBank atraíram críticas dos investidores, que apontaram a mistura de interesses pessoais e corporativos como uma preocupação de governança corporativa.
Son - que detém uma participação de mais de 30% no SoftBank - negou que houvesse um conflito de interesses e disse que se tratava uma remuneração por sua experiência nos negócios, em vez de taxas cobradas sobre os investimentos.
Mas a iniciativa de Son de envolver as suas finanças pessoais nos negócios do Softbank acabou se voltando contra o maior investidor em tecnologia do mundo. Son perdeu mais de US$ 4 bilhões em seus negócios paralelos durante o trimestre encerrado em junho, segundo a Bloomberg News informou anteriormente.
Na semana passada, Son disse que estava se afastando de conduzir as principais teleconferência de resultados para se concentrar na Arm, fabricante de chips, para uma listagem pública - um evento que daria ao SoftBank combustível para buscar novos investimentos. O SoftBank agora vai aguardar a passagem do chamado “inverno tech” e pagará sua dívida, disseram ele e seus assessores.
O braço do SoftBank de capital de risco, o Vision Fund, registrou um prejuízo trimestral de US$ 7,2 bilhões na semana passada, impulsionado pela queda no valor de empresas do portfólio, como SenseTime Group, DoorDash e GoTo Group.
A empresa tem vendido ativos para levantar caixa e fortalecer seu balanço e chegou a registrar ganhos com a venda de uma parte de sua participação no Alibaba Group.
“Precisamos partir para a defesa total”, disse o diretor financeiro do SoftBank, Yoshimitsu Goto. “O SoftBank está pessimista quanto às perspectivas. Ainda não vemos luz.”
Son, de 65 anos, detém 17,25% de um veículo criado sob o Vision Fund 2 do SoftBank para participações não listadas, bem como 17,25% de uma unidade de seu fundo na América Latina, o LatAm Fund, que também investe em startups. Ele tem participação de 33% na SB Northstar, que negocia ações e derivativos.
O valor que Son deve ao SoftBank por sua participação no Vision Fund 2 e no fundo Latam aumentou em cerca de US$ 750 milhões no último trimestre, segundo cálculos da Bloomberg News, confirmados pelo SoftBank.
As participações de Son no Vision Fund 2 e no LatAm Fund foram estruturadas para que o bilionário não pagasse à vista por suas participações de 17,25%. Ele é obrigado a pagar 3% sobre o “valor de aquisição de patrimônio não pago” até o reembolso e juros que foram incluídos em seu passivo.
Não há prazo para reembolso e o valor das posições de Son pode melhorar no futuro. Na SB Northstar, Son já depositou algum dinheiro e outros ativos. O fundador pagaria sua parte de quaisquer “obrigações de reembolso não financiadas” no final da vida do fundo, que é de 12 anos com uma extensão de dois anos.
Son depositou 8,9 milhões de ações próprias como garantia para o Vision Fund 2 e outras 2,2 milhões de ações como garantia para o fundo Latam, informou de acordo com as divulgações da empresa.
O patrimônio líquido de Son ficou em US$ 12,7 bilhões após o fechamento de quinta-feira (17), depois de ajustar as suas participações no Vision Fund 2 e no Latin America Fund (LatAm Fund), de acordo com cálculos do Bloomberg Billionaires Index.
As ações do SoftBank fecharam em queda de 3,86% na sexta-feira (18), depois de terem disparado para o maior nível em um ano na semana passada. Os papéis subiram 12% desde o início de 2022.
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