Taxas de juros podem subir para nível restritivo, diz Christine Lagarde

Presidente do Banco Central Europeu alertou que o risco de recessão aumentou, mas a desaceleração por si só não será suficiente para controlar a inflação

'Esperamos aumentar ainda mais as taxas – e retirar a acomodação pode não ser suficiente'
Por Alexander Weber
18 de Novembro, 2022 | 09:05 AM

Bloomberg — A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse que as taxas de juros podem ter que subir para níveis que restrinjam a expansão econômica de forma a reduzir a inflação, que está cinco vezes acima da meta oficial.

Lagarde afirmou nesta sexta-feira (18) que o “risco de recessão” aumentou, mas que uma desaceleração da atividade econômica por si só não será suficiente para domar os preços em alta. Já à frente do aperto monetário mais agressivo de sua história, o BCE deve subir os juros para 2% ou mais no próximo mês em relação à taxa básica atual de 1,5%.

“Esperamos aumentar ainda mais as taxas – e retirar a acomodação pode não ser suficiente”, disse Lagarde em discurso em Frankfurt. “Em última análise, subiremos as taxas para níveis que tragam a inflação de volta à nossa meta de médio prazo em tempo hábil.”

Autoridades do BCE argumentam que os juros precisam continuar subindo para frear a inflação mais alta desde que o euro foi introduzido há mais de duas décadas. Mas depois de altas consecutivas de 0,75 ponto percentual, a disposição em elevar as taxas nessas proporções começa a diminuir, especialmente porque as previsões indicam uma recessão para os 19 países da zona do euro no inverno europeu.

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De fato, discussões iniciais sugerem que um aumento de meio ponto pode ser mais provável na decisão de 15 de dezembro, desde que o relatório de inflação deste mês não surpreenda com um avanço acima do esperado, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

A inflação na região do euro, que atingiu 10,6% em outubro, provavelmente permanecerá “elevada” por meses, disse nesta semana o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos. Na mesma linha de Lagarde, De Guindos afirmou que o cenário econômico fraco, sob o peso da guerra da Rússia na Ucrânia e a subsequente crise de energia, não reduzirá os preços por si só.

“A inflação na zona do euro está muito alta”, disse Lagarde. “A experiência histórica sugere que é improvável que uma recessão reduza significativamente a inflação, pelo menos no curto prazo.”

O BCE pode começar a reduzir seu balanço no próximo ano. Lagarde reafirmou que os princípios-chave aplicados no chamado aperto quantitativo serão definidos em dezembro.

“É apropriado que o balanço seja normalizado de forma medida e previsível”, disse Lagarde.

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