Otan diz que não vê indicação de ataque intencional da Rússia na Polônia

Líderes da aliança militar e da Polônia acreditam que a explosão provavelmente teria sido causada por um míssil de defesa ucraniano

Incidente foi provavelmente causado por um míssil de defesa aérea ucraniano
Por Natalia Drozdiak - Wojciech Moskwa - Alberto Nardelli
16 de Novembro, 2022 | 03:38 PM

Bloomberg — Os líderes da Otan e da Polônia disseram que não há indicação de que um míssil que atingiu o território polonês na noite de terça-feira tenha sido um ataque russo intencional, enquanto os governos da aliança militar se moveram para minimizar a gravidade do incidente.

“Nossa análise preliminar sugere que o incidente foi provavelmente causado por um míssil de defesa aérea ucraniano disparado para defender o território ucraniano contra ataques de mísseis de cruzeiro russos”, disse Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a repórteres após uma reunião em Bruxelas.

O presidente polonês, Andrzej Duda, disse que é improvável que seu país invoque o Artigo 4 da Carta da Otan, o que desencadearia consultas sobre uma resposta militar.

A avaliação corresponde à do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que disse a aliados durante a cúpula do G-20 na Indonésia que a explosão perto da fronteira ucraniana foi causada pelas defesas aéreas de Kyiv, segundo duas autoridades familiarizadas com o assunto. O líder americano ainda disse que o ataque foi desencadeado pelo lançamento de mísseis russos sobre a Ucrânia.

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As descobertas atenuam o que parecia ser uma escalada significativa no conflito, caso a invasão russa de nove meses na Ucrânia se espalhasse para o território da aliança militar de 30 países. A Ucrânia foi atingida na terça-feira (15) pelo maior bombardeio com mísseis desde o início da invasão em fevereiro, derrubando a energia elétrica em uma ampla área do país, incluindo a capital Kyiv.

“Provavelmente, foi um acidente infeliz”, disse Duda a repórteres em Varsóvia na quarta-feira (16). Ainda assim, “praticamente todo o território da Ucrânia estava sob bombardeio, em particular as áreas próximas à fronteira”.

“É por isso que o lado russo é definitivamente culpado pelo que aconteceu ontem”, disse ele.

A explosão matou duas pessoas na vila polonesa de Przewodow, cerca de 6 quilômetros da fronteira ucraniana. O incidente provocou uma onda de consultas diplomáticas de Varsóvia a Bali durante a noite e uma reunião de emergência dos embaixadores da Otan em Bruxelas na quarta-feira.

A teoria discutida entre as autoridades americanas é que o projétil era provavelmente um míssil ucraniano – as indicações iniciais apontam para um S300 de fabricação russa – disparado em resposta ao ataque do Kremlin, de acordo com uma pessoa familiarizada com a investigação. A pessoa alertou que é cedo e incerto - e que as coisas podem mudar à medida que a investigação continua.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, contestou a alegação de que o míssil era de seus militares – e disse que queria ter representantes na equipe de investigação.

“Acredito que seja um míssil russo – acredito que sim de acordo com minha confiança no relatório dos militares”, disse Zelenskiy a repórteres em Kyiv, referindo-se a um relatório que recebeu de seus comandantes.

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O zloty da Polônia se recuperou anteriormente de uma baixa de três semanas com os comentários de Biden.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, elogiou os Estados Unidos pelo que chamou de sua reação “contida” e “profissional” à explosão na Polônia, descartando as alegações de que foi causada por um míssil russo como “histérica”.

Os serviços de utilidade pública estão sendo retomados gradualmente nas regiões e principais cidades da Ucrânia após os danos causados pelos ataques com mísseis. O fornecimento de água e de aquecimento estão sendo restabelecidos, enquanto a energia foi restaurada na capital do país, Kyiv, depois que quase metade de seus habitantes ficaram sem luz, disseram autoridades militares locais.

Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, os membros da aliança militar expressaram repetidamente preocupações sobre serem envolvidos diretamente para o conflito. Embora tenham apoiado a Ucrânia com armas e ajuda financeira, a Europa e os EUA estabeleceram limites ao despachar os sistemas de mísseis de maior alcance e caças avançados e rejeitaram os apelos da Ucrânia para estabelecer uma zona de defesa aérea em seu espaço aéreo.

O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, reiterou os apelos para que uma zona de exclusão aérea seja estabelecida no país.

O presidente russo, Vladimir Putin, está se voltando cada vez mais para ataques com mísseis enquanto suas tropas lutam no terreno em uma guerra em seu nono mês. Seus militares se retiraram recentemente de uma cidade importante no sul da Ucrânia que foi capturada no início da invasão.

-- Com colaboração de Maciej Onoszko, Gregory L. White, Josh Wingrove, Andra Timu, Piotr Bujnicki e Aliaksandr Kudrytski.

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