Bloomberg — Marko Kolanovic, codiretor de pesquisa global do JPMorgan (JPM), deu mais um passo ao recuar de seu tom otimista em relação às ações que ele adotou durante grande parte da liquidação do mercado este ano.
Considerado um dos investidores mais otimistas de Wall Street, Kolanovic disse em um relatório que está reduzindo sua posição overweight (acima da média do mercado, equivalente a compra) em ações, porque os riscos de uma recessão continuam elevados.
A medida segue uma estratégia semelhante que ele adotou no mês passado, quando cortou o tamanho de suas alocações overweight em ações e sua posição underweight (vendida) em títulos, citando riscos crescentes de políticas do banco central e conflitos geopolíticos.
Segundo ele, com uma taxa do Fed Funds próxima dos 5%, será difícil de evitar uma recessão, a menos que o Federal Reserve “mude de direção”, o que investidores estrangeiros chamam de “pivô”.
Apesar de continuar com posição overweight em ações e positivo com o cenário de longo prazo, Kolanovic disse que o JPMorgan usará o rali da semana passada como uma oportunidade para “reduzir moderadamente nosso patrimônio líquido overweight”.
“Nosso otimismo é moderado pelos riscos de recessão ainda elevados e pelo risco de que os dados do CPI de outubro sejam anômalos e/ou não consigam reduzir a ânsia dos banqueiros centrais de empurrar a política para um território mais restritivo”, escreveu.
Kolanovic, que foi eleito no ano passado o estrategista número 1 de ações em uma pesquisa com investidores institucionais, não tem tido muito sucesso com suas visões construtivas em 2022. No meio do ano, ele defendeu que o mercado de ações dos EUA estava pronto para uma recuperação gradual e que o S&P 500 provavelmente terminaria o ano inalterado, sugerindo que investidores deveriam ampliar posições em momentos de queda.
O rali de alívio alimentado pelos dados do CPI da última quinta-feira (10) deu aos investidores esperança de que a recuperação tenha mais espaço à medida que o S&P 500 se aproxima de sua média móvel de 200 dias. O benchmark subiu quase 11% em relação à baixa de meados de outubro.
Enquanto isso, para o Goldman Sachs (GS), os investidores de ações parecem estar muito otimistas com as perspectivas de crescimento de longo prazo, mesmo com uma alta probabilidade de o retorno das ações superar o de títulos na próxima década.
Em relatório divulgado nesta terça-feira (15), estrategistas do banco liderados por Christian Mueller-Glissmann escreverem que a diferença de rendimento de ações e títulos dos EUA diminuiu como resultado de valuations elevados e grandes aumentos nos rendimentos de crédito, aproximando-se dos níveis vistos pela última vez nos anos 1990 e início dos anos 1970.
Além disso, defendem, pode haver uma maior pressão no próximo ano sobre os prêmios de risco de ações, que tendem a ser cíclicos e aumentam acentuadamente com recessões e maior desemprego.
-- Com a colaboração de Jessica Menton.
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